Voltar "Precisamos romper a ideia de que as pessoas com deficiência não podem ser protagonistas"

Paulo Roberto Ferronato atua no movimento das pessoas com deficiência desde 1988, e atualmente é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Xanxerê e integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Santa Catarina.

Formado em Administração de Empresas, pós-graduado em Desenvolvimento Gerencial, Recursos Humanos e Gestão de Negócios Financeiros, Paulo é analista administrativo e distribuidor da comarca de Xanxerê. Entrou no Judiciário em 2017 e antes trabalhou por 16 anos no Banco do Brasil. Foi professor universitário e instrutor do Sebrae SC.

Paulo é um dos coordenadores da 1ª Semana de Acessibilidade e Inclusão do Poder Judiciário de Santa Catarina, que acontece de 30 de novembro a 4 de dezembro. Acesse a programação completa.

A seguir, alguns trechos da entrevista realizada por telefone.    

Qual é a principal coisa que a pessoa sem deficiência precisa saber sobre acessibilidade e inclusão?

A primeira coisa é romper com o capacitismo, romper com a ideia equivocada de que as pessoas com deficiência não podem ser protagonistas do seu mundo, das suas decisões. Achar que uma pessoa que tem uma amputação de braço ou de perna não consegue desenvolver uma atividade com qualidade. Achar que um cadeirante, por exemplo, não pode ser um profissional de destaque, um líder. Na verdade, é preciso parar de achar que as pessoas com deficiência são pessoas especiais porque somos pessoas que nem as outras. O que nos difere é que temos algumas limitações físicas, o que não é incomum. Uma pessoa usa óculos, outra usa aparelho auditivo, outras precisam de uma bengala, de uma muleta, de uma cadeira de rodas. Mas, em teoria, somos todos iguais, com os mesmos direitos e os mesmos deveres perante a sociedade.

O que é acessibilidade e inclusão?

Acessibilidade está ligada à questão do desenho universal. Um desenho que favoreça todas as pessoas, independentemente do seu tipo físico. Acessibilidade são todos os meios que promovem a inclusão, por exemplo: um leitor de tela para uma pessoa com deficiência visual, a língua brasileira de sinais, esses são meios de acessibilidade. A questão da inclusão - e aqui é necessário falar de uma inclusão plena - envolve uma mudança de conceitos e de paradigmas com relação às pessoas com deficiência. Deve haver uma relação empática.

Por que é importante falar sobre este assunto no Judiciário?

Pela importância e pelo alcance deste Poder, falar de acessibilidade e inclusão no Judiciário é abrir as portas do tema para toda a sociedade. É importante internamente para que este debate atinja todos os setores e todas as áreas da nossa instituição e crie ambientes participativos, democráticos, empáticos, onde se valorize o profissional com deficiência, mas também se valorize a participação das pessoas, a inclusão. O programa Integra é um excelente instrumento para isso porque a gente consegue promover reflexões, análises e ter vez e voz nas discussões que envolvem o ambiente de trabalho.

Quais são os principais pontos que o PJSC precisa avançar com relação à acessibilidade?

Ainda há algumas unidades que precisam ser adaptadas, temos algumas dificuldades sobre tecnologia assistiva. Precisamos avançar - para as pessoas com deficiência visual, por exemplo, nos sistemas, softwares, equipamentos de informática para que se tornem mais acessíveis. Tudo isso, claro, é um processo. De qualquer forma, o PJSC está bem atualmente e tem dado passos importantes. O programa Integra, por exemplo, é um grande avanço. No entanto, além da acessibilidade, a gente precisa avançar também na inclusão. O incluir refere-se ao modo de agir e de pensar de todos os servidores, principalmente em relação às pessoas com deficiência.

Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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