Voltar Cevid do Tribunal de Justiça lança carta aberta para celebrar o Dia das Mulheres

Para marcar o dia 8 de março, o Núcleo de Comunicação Institucional do TJSC produziu um vídeo (assista aqui) e quatro matérias especiais sobre violência doméstica em Santa Catarina - elas serão publicadas ao longo da próxima semana. Hoje, a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid) lança uma carta aberta, especialmente dedicada aos homens, para celebrar o Dia Internacional das Mulheres.  


CARTA ABERTA

Por que algumas palavras assustam tanto? Quando eu falo em igualdade, em equidade, em liberdade, você concorda, assina embaixo, você aplaude. Mas lá no fundo, por algum motivo, você sente medo. Então, estou aqui pra lhe dizer uma coisa com sinceridade: eu não sou uma ameaça. Minha luta não é contra você, minha luta é por você também - porque eu sei que o machismo é ruim pra todo mundo. Eu sei que o machismo também lhe faz mal. Na verdade, não é minha essa luta, ela é nossa e por isso que lhe escrevo.  

O Brasil está mudando: há mais consciência e menos silêncio, mais debate e menos censura, mais leis contra a violência de gênero e menos impunidade, mais redes de apoio e menos indiferença. Porém, ainda é pouco, ainda é insuficiente. Os números estão aí: cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos no país, uma é estuprada a cada 11 minutos e uma é vítima de feminicídio a cada 90 minutos. Não são só números e você sabe disso.  

Eu sei que você não espanca, não estupra e não é assassino. É exatamente por isso que eu preciso de você nessa luta. É preciso que você entenda que o espancamento, o estupro e o assassinato são consequências de uma cultura que enxerga a mulher como um objeto e que não reconhece sua humanidade. O espancamento, o estupro e o assassinato começam na piadinha machista, no comentário preconceituoso, no olhar lascivo, na importunação e no assédio. Começam quando você reproduz comportamentos inadequados sem questioná-los, quando naturaliza a hipocrisia e quando se mostra indiferente com a violência ao lado.

Violência, você sabe, é qualquer ação ou omissão que provoca sofrimento físico, sexual ou psicológico. E de todas essas formas de violência, a mais difícil de detectar é a psicológica. Ela acontece quando o homem humilha, quando critica constantemente, quando xinga, quando faz a mulher duvidar de sua própria sanidade, quando provoca culpa e confusão mental, quando há controle e vigilância.

Nesta semana vai se falar muito desse assunto e depois tudo vai seguir normalmente. O problema é que o normal não pode mais ser visto como normal, porque ele não é. Mais números que não são só números: 536 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora no Brasil.  Dessas agressões, 70% ocorrem dentro de casa e 65% dos autores são maridos, namorados ou ex-companheiros. Isso é o normal e isso precisa ser mudado. Por isso lhe escrevo - porque preciso de você ao meu lado, preciso que a gente diga juntos, todos os dias: Já Basta! Já Basta! Já Basta!    

Texto: Fernando Evangelista

Imagens: Divulgação/Freepic
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

Copiar o link desta notícia.