Voltar Conselheiro de várias gerações de magistrados, Jurandir Schroeder vai se aposentar do TJSC

Depois de 38 anos de dedicação ao Poder Judiciário de Santa Catarina, Jurandir Schroeder, 57 anos, se despede nesta sexta-feira (30/7) das funções na Coordenadoria dos Magistrados, órgão administrativo que auxilia a Presidência do TJSC na comunicação com os magistrados de 1º e 2º graus e magistrados aposentados. Nesta quinta-feira, ele esteve na sede do TJSC para ultimar os detalhes da aposentadoria, e a partir de segunda-feira pretende dedicar mais tempo à família e igreja, além de curtir os dias de folga no sítio em Alfredo Wagner.

A trajetória no Poder Judiciário começou em 1983, e ele logo foi convocado a trabalhar na Presidência pelo então presidente, desembargador Eduardo Luz. Jurandir iniciou acompanhando a rotina do gabinete e aos poucos se familiarizou com o universo dos magistrados. A partir da criação da Coordenadoria dos Magistrados, em 2000, assumiu a secretaria e, além de lidar com as questões funcionais e carreira, passou a funcionar como uma espécie de conselheiro, que indicava o melhor caminho. Em 2005, formou-se em Direito pelo Cesusc, seguido de pós-graduação em Gestão e Controle do Setor Público pela Udesc em 2009.

Qual o sentimento de estar se aposentando após 38 anos de atividade?

Jurandir Schroeder - Não é fácil. Você “peleja”, passa a vida toda aguardando esse momento. E te confesso que hoje foi um misto de alegria por ter conseguido (a aposentadoria), porque sei que muitos dessa e da próxima geração não vão ter o direito de viver a alegria que estou vivendo hoje. Mas, por outro lado, são também 38 anos no mesmo setor, na Coordenadoria de Magistrados, então confesso que esse desligamento é um momento que me traz certa aflição e tristeza. Também vou me desligar das pessoas, não é só do grupo com que trabalho, mas tenho contato diário com quase 500 magistrados. Eu reclamava pelo excesso, mas tenho a impressão que vou sentir muita falta. Então, confesso que é um momento que não é tão simples quanto imaginei. Que ia ser festivo, que era bater a porta e deixar para trás. Eu já não tenho tanta certeza no dia de hoje.

Como foi esse aprendizado e essa vivência de 38 anos com os magistrados?

Jurandir Schroeder - Ingressei no Poder Judiciário muito jovem, com 19 anos, e cheguei na Presidência com 20 (anos), então não foi um desafio fácil. Porque, primeiro, como qualquer grupo, eles (os magistrados) buscam uma referência em alguém dentro da instituição para ter confiança. Não é só atender o magistrado, mas também temos que ter a sensibilidade de entender que eles estão no interior, na ponta do Estado, ou são de outros Estados e nós estamos aqui na Capital, onde todos querem estar, e temos que estar dispostos a ajudar e apresentar solução. Então, não foi fácil iniciar. Depois, se tornou mais fácil porque entendo que virei um referencial, ora porque "eles só querem saber do Jurandir", ora porque "um dia o Jurandir disse o que era melhor", ou porque atendia os interesses familiares, os interesses de proximidade com a Capital. Você precisa ter essa sabedoria, digamos, e apostar que vai dar certo. A atividade é de conselheiro-guia, e isso se leva muito tempo para adquirir. Quando ingressei, o Jurandir era apenas um servidor. Eu levei de cinco a 10 anos para adquirir essa confiança. Como eu era muito disposto a ajudar, pois sempre me coloco na situação do outro, as coisas se tornaram mais fáceis, contudo a sobrecarga é muito grande. O 2º Grau é o que tem mais vínculo comigo porque acompanhei, desde o concurso da magistratura, na secretaria, então vai se construindo essa afinidade, mas também vinculada a garantia que eles encontram nas tuas informações.

Quais os planos daqui para frente?

Jurandir Schroeder - Sempre tive em mente que a partir da minha aposentadoria poderia retornar às funções eclesiásticas da igreja evangélica do qual sou presbítero e me afastei com a pandemia. Penso que agora posso retornar, mas o foco agora é minha família, tenho três filhas, porque passei quase 39 anos só visitando minha casa. Eu ia dormia e voltava muito cedo, então meu foco maior agora é a família, em segundo, as funções eclesiásticas, e em terceiro, viajar, aproveitar meu sítio em Alfredo Wagner, onde encontro minha infância. Eu comprei há 11 anos já pensando nisso, ficar por uns dias lá, voltar, curtir os finais de semana.

Qual a mensagem para os magistrados e teus colegas do Poder Judiciário nesta despedida?

Jurandir Schroeder - Até por ser evangélico, eu aprendi e coloquei em prática na minha vida toda o que diz Eclesiastes 3, "que há um tempo determinado para todas as coisas" e estou muito confiante que o meu tempo no Judiciário acabou e com isso eu dei o meu melhor. Toda vez que chega um servidor aqui, eu sempre falo para eles: "nós temos que ser servidor na acepção da palavra, ou seja, servir" e eu fiz isso a vida toda. Eu dei o meu melhor. A magistratura não foi um peso para mim, não foi um sacrifício, pelo contrário. Ela me fez galgar mais conhecimentos, me fez ser mais grato, porque tive a companhia de grandes amigos da magistratura catarinense que, quando eu fraquejei ou quando pensei em fraquejar ou errar, eles foram o primeiro a me ligar e me ajudar a consertar. Até em textos ou prazos que me perdia, sempre tinha alguém, antes que acontecesse uma situação pior, que me ajudou. Eu só tenho a agradecer a toda magistratura pelo sucesso que eles dizem que eu sou, ao carinho de todos os presidentes que passaram pela casa desde 1984. Sempre fui tratado com muito respeito e carinho.

Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

Copiar o link desta notícia.