Voltar Da poeira ao asfalto, oficial de justiça aponta avanços ao atingir 42 anos de carreira

Só em ouvir o tom de voz dá para perceber que seu Quaresma fala sorrindo. E pelo que contam seus colegas da comarca de Videira, no Meio-Oeste, foi sempre assim. Além de simpático, destacam que ele é um homem honesto, companheiro, trabalhador e exemplo para os demais.

Há 65 anos foi batizado como Valdemar Quaresma. Às vezes, ele mesmo esquece do primeiro nome. "Quando alguém chama por Valdemar, olho para os lados para saber quem é. Se ninguém se manifesta, é porque sou eu. Quaresma é minha marca registrada e todos me conhecem assim", brinca o oficial de justiça, que trabalha na mesma função há mais de quatro décadas.

Ele só acrescentou o Júnior para dar nome ao filho, formado em Direito e também servidor do Poder Judiciário na mesma comarca. Quando o jovem tinha 23 anos, chegou a irmã caçula. "Foi uma surpresa para nós. Hoje tem 15 anos e é por ela que ainda trabalho. Quero encaminhá-la nos estudos primeiro para depois me aposentar."

Seu trabalho, analisa, mudou com o passar do tempo. "Agora está muito mais fácil. A tecnologia tem ajudado bastante e o acesso aos programas facilita a comunicação. Está tudo ali no computador", destaca. Ele é da época da máquina de escrever e cansou de registrar à mão as certidões no verso dos mandados. "Tinha um juiz que pegava no meu pé, brincando, é claro, que minha letra era muito ruim e ninguém conseguia entender." Foi esse mesmo magistrado que o chamou de piá quando começou a carreira, aos 23 anos de idade.

Ele também recorda o quanto era difícil o deslocamento para entregar as comunicações. "As estradas de chão eram malconservadas. Já fiz meu trabalho de carro, pedindo carona e de ônibus. Para chegar a alguns lugares, saía cedo, pousava e vinha só no outro dia. Hoje, com asfalto, é mais tranquilo." Quando começou, seu Quaresma não tinha uma sala. "A gente usava um cantinho do Salão do Júri. Fazia o que tinha para fazer e saía. Telefone naquela época era um só. Se precisasse de alguma coisa, era na base do recado."

Quaresma sempre atuou em Videira, com exceção de um período, na década de 1980, quando foi instalada a comarca de Fraiburgo e teve que servir nos dois locais. Ele recorda disso tudo com saudade. Assim como sente orgulho por muita gente na cidade conhecê-lo pela sua função. "É até engraçado. Quando fala em oficial de justiça, as pessoas vêm aqui em casa se apresentar para mim. Vejo que o assunto é com outro colega, o identifico e as encaminho."

Essa relação com os videirenses também foi construída por conta das atividades em clubes e na igreja. Quanto ao tempo livre, seu Quaresma gosta de usá-lo para cuidar da pequena plantação de milho que mantém para alimentar algumas cabeças de gado na propriedade que conquistou, perto da cidade. Ele não torce para time algum e acha uma perda de tempo ver jogos de futebol pela TV. "O pouco que vejo é para assistir o jornal, ver as notícias e acompanhar as missas."

O homem que não dá bola para a tristeza, segundo ele próprio, tem uma ótima convivência com os colegas do Fórum. Ajudou todo mundo que veio depois dele. Quando se refere aos colegas da Central de Mandados, enche o peito para definir a equipe: "Me sinto muito feliz porque estamos com um time de primeiríssima qualidade." Uma prova do quanto ele é querido por todos ocorreu recentemente, quando os colegas de trabalho se uniram e assumiram parte de seu acervo, prejudicado naquele momento pela pandemia.

Imagens: Divulgação/Comarca de Videira
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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