Voltar Dionísio Cerqueira coloca homens e mulheres para discutir relações afetivas tóxicas

No mês das mulheres, a conversa foi com eles. A "Oficina Conversa entre Homens: compreendendo nossa relação com as mulheres" teve o primeiro encontro deste ano na comarca de Dionísio Cerqueira, no Extremo Oeste, no último dia 6 de março.  A ideia é identificar crenças, posturas e valores na história dos homens envolvidos em casos de violência doméstica. Com isso, propor uma nova forma de relacionamento saudável. O projeto foi viabilizado com recursos oriundos de transações penais. A participação faz parte das medidas impostas pelo juiz aos agressores.

Ao todo serão três oficinas, com frequência quinzenal. Cada encontro tem duração de duas horas e transcorre de forma teórico-prática, com momentos de exposição do tema, dinâmicas e rodas de conversa em grupo. A oficina é conduzida pelo psicólogo William de Lima. A conversa aborda temas como machismo, reflexão da história de vida e situação de violência em todas as fases da vida. Cada participante pode falar sobre sua experiência pessoal com os assuntos e percepções a partir do trabalho feito nas oficinas.

"Entendemos que a consciência vem através da fala. Quando falamos, percebemos o que nos faz mal e, assim, podemos corrigir esses pontos. A maioria dos homens não conversa. Eles procuram 'ajuda' na bebida alcoólica e os sentimentos acabam aflorando em forma de violência. É isso que precisamos evitar. Na oficina, o homem pode falar sem medo de ser julgado pelo que pensa", enfatizou o psicólogo.

Voz às mulheres

Na última sexta-feira (13/3) foi a vez das mulheres participarem da oficina "Mulheres de coragem: ressignificando experiências". Os moldes são os mesmos da capacitação dedicada aos homens, mas com outras abordagens. Com elas, o objetivo é identificar situações de violência enfrentadas e entender em que período elas se encontram no chamado ciclo da violência. Depois, a discussão envolve a violência no contexto vítima-agressor e, para finalizar, são propostas ações para o resgate da autoestima, que levam em consideração a experiência de vida dessas mulheres. O objetivo é proporcionar autoconhecimento e fomentar o poder de decisão de cada uma.

Reincidência

A equipe que atende casos de violência doméstica no fórum da comarca conta que, ao longo do tempo, foi possível perceber que as vítimas e os agressores voltavam para novos atendimentos pelo mesmo crime. Daí surgiu a necessidade de um trabalho diferenciado com os envolvidos.

"A intenção é propiciar momentos de reflexão às duas partes para que futuramente consigam romper com o ciclo da violência, evitando a repetição de relações afetivas tóxicas e disfuncionais", destacou a mediadora judicial Geani Rippel. A organização contou ainda com o apoio da juíza Carolina Cantarutti Denardin, da Vara Única da comarca,  e dos mediadores judiciais Rafael Manfrin e Cleneci Maria Pereira.

Os próximos encontros acontecerão ainda neste mês e em abril no Centro de Referência de Assistência Social (Creas), em Dionísio Cerqueira, e atenderão moradores da comarca-sede e também do município de Palma Sola.

Imagens: Arquivo/TJSC
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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