Voltar Em visita de universitários ao TJ, cão 'socializa' para virar guia de deficientes visuais

Ele não é famoso, nunca esteve em Florianópolis, mas foi tratado como um velho conhecido no Tribunal de Justiça de Santa Catarina na tarde de terça-feira (6). Ao se dirigir ao Museu do Judiciário, chamou a atenção dos servidores – houve até pedidos de fotos. Embora tenha sido sua primeira visita à Corte, parecia habituado ao ambiente: comportou-se com respeito e deferência. Mogli, aprendiz de cão-guia, labrador de um ano e três meses, veio de Balneário Camboriú até a capital sob a orientação da estudante de Direito Fernanda Shoenmann Souto.


 

A dupla, no entanto, não veio a passeio ao Tribunal. Fernanda e outros 12 alunos da 7ª fase do curso de Direito da Unisul visitaram a exposição sobre a Revolução Federalista, que reúne processos, armas, imagens de navios, maquetes de veleiros e outros documentos. Sandro Makowiecki, técnico do Museu, fez uma explanação sobre o contexto histórico aos estudantes e as consequências da Revolução no Judiciário.


 

Na sequência, os alunos estiveram na Sala de Sessões Ministro Teori Zavascki, onde ouviram uma palestra didática sobre o funcionamento da Justiça e a organização do TJ, ministrada pelo servidor Paulo Roberto Souza de Castro, secretário da 3ª Câmara de Direito Público.


 

“Este tipo de experiência é importante para os alunos”, disse a professora Jaine Cristina Suzin, responsável pela viagem, “porque lhes dá a possibilidade de ver a rotina do Tribunal, a estrutura física, a prática daquilo que se discute na faculdade”.

Assim como os futuros operadores do Direito, Mogli terá uma função importante em breve: dar mais autonomia e segurança aos deficientes visuais. Hoje, segundo o IBGE, há no país 6 milhões de pessoas com graves problemas na visão. Na outra ponta, há um número reduzido de cães-guias no Brasil: aproximadamente 130.

Nas ruas, por exemplo, o cão-guia sabe se é possível atravessar, se o sinal está fechado, se não vem carro. Ele alerta para buracos, galhos de árvores ou quaisquer outros obstáculos. Por enquanto, Mogli está nas primeiras fases do aprendizado – é a fase de socialização, de ambientação nos espaços públicos.

Fernanda é voluntária de um projeto do Instituto Federal Catarinense (IFC) – Campus Camboriú e leva Mogli para cima e para baixo, com a missão de deixá-lo maduro para que possa ser treinado. O maior desafio, segundo ela, é enfrentar a desinformação. Ela exemplifica: “A Lei n. 11.126, de 2005, garante o direito do portador de deficiência visual a ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia, mas é diariamente desrespeitada.”

Imagens: Divulgação/TJSC
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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