Voltar Especialista diz: sentimento suicida pode ser necessidade poderosa de buscar vida nova

Sentimentos suicidas não estão necessariamente relacionados à vontade de desistir da vida, "mas expressam, na verdade, uma necessidade poderosa de uma vida diferente, por algo novo", afirma a psicóloga Erika Medeiros Braz, da Diretoria de Saúde do PJSC. Ela explica que ao ouvir o relato de alguém com sentimentos suicidas é possível identificar uma vontade de mudar tão forte que, às vezes, parece ser preferível morrer a continuar na mesma situação.

Nesta mesma linha de pensamento está o americano Will Hall, ele próprio diagnosticado com esquizofrenia e autor de diversos livros sobre o tema. O grande desafio, esclarece Erika, é identificar o que se deseja mudar. "Este é o primeiro passo para diminuir a angústia", diz. Mas é preciso ser ativo neste processo de identificação e de mudança. Acreditar que é possível alterar determinadas situações diminui o sentimento de impotência e abre espaço para novas possibilidades.

Esta visão sobre o suicídio está relacionada ao conceito de recovery, que é - segundo a professora Teresa Duarte - "um estado de recuperação ou restabelecimento de funções psíquicas, físicas e sociais no funcionamento cotidiano, que pode ou não ser temporário". O termo embasa-se na recuperação da esperança e na reaquisição de algo perdido com a doença. O recovery pode ser entendido como um processo pessoal de descoberta de um novo sentimento de identidade, autodeterminação e fortalecimento.

E são exatamente estes os temas ou termos que aparecem com frequência nos relatos de quem sofreu com pensamentos suicidas e conseguiu se recuperar:  "esperança e otimismo" -  porque nenhuma mudança é possível sem a crença de que uma vida melhor é viável. Outro tema é a "identidade", e refere-se à recuperação de uma imagem positiva sobre si mesmo.

Há também o "significado", fundamental para a recuperação porque estabelece propósitos de vida e a vontade de vivê-los de forma significativa. Outro tema é o "fortalecimento" - ou seja, focar nas próprias potencialidades e utilizar técnicas de autogerenciamento. Por último, palavra tão em moda, a "conectividade", que nada mais é do que manter bons relacionamentos e solidificar as redes de apoio social e familiar.

Assim, conclui Erika, "olhar sem medo para os próprios sentimentos e reconhecer neles forças impulsionadoras para mudanças pode ser o primeiro passo no cuidado com sua saúde mental". Neste sentido, Will Hall, que lida frequentemente com seus próprios sentimentos suicidas, deixa uma importante lição: "Aprendi a enfrentar meus sentimentos suicidas como mensageiros de mudança, uma oportunidade de buscar, dentro de mim, novos rumos na vida".

Ouça o nosso podcast.

Imagens: Divulgação/Assessoria de Artes Visuais NCI
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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