Voltar Estagiário da comarca de Indaial conta sobre voluntariado na tragédia de Brumadinho

Estagiário na comarca de Indaial, onde atua no cartório da 2ª Vara Cível, Valmir Jordani acaba de retornar de uma experiência única em seus 29 anos de vida. Integrante da força-tarefa Unidade Arcanjo, do Corpo de Bombeiros Voluntários de Indaial, ele atuou como bombeiro voluntário nas buscas por sobreviventes da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. "Ao chegar lá deparamos com um cenário de guerra, cenas muito fortes. Então, de certa forma, foi muito difícil, mas a sensação de poder contribuir com aquele povo, de estar ajudando, é indescritível", traduz. 

No total, 28 bombeiros e um médico saíram da cidade do Vale do Itajaí no dia 26 de janeiro, um dia após o rompimento da barragem que até agora tirou a vida de mais de 150 pessoas e deixou 182 desaparecidas. Essa equipe, treinada para trabalhar em grandes desastres, naturais ou provocados, já participou de resgates após terremoto no Haiti e deslizamentos de terra no morro do Baú, em Blumenau e Ilhota, e no Rio de Janeiro.

Brumadinho foi a primeira missão de Jordani. Os voluntários de Indaial abriram trilhas na mata fechada, fizeram buscas em margens de rio e também nas chamadas "áreas quentes", onde aconteceu o derramamento, local de difícil locomoção.

Além disso,  vivenciaram cenas fortes com a população de Brumadinho, como a de uma senhora desesperada que os abordou para buscar pelo irmão desaparecido e também quando foram aplaudidos e chamados de heróis por familiares que faziam uma procissão - onde cada familiar levava consigo uma camiseta com a foto de um desaparecido ou encontrado já sem vida.

"Para nós foi muito gratificante, porém a sensação de não poder encontrar pessoas com vida é bem complicada. A experiência com certeza foi inesquecível e cada um de nós bombeiros teve agregado o conhecimento e a sensação de poder ajudar. Mas a gente está de alma lavada, temos certeza que demos o nosso melhor - tanto fisicamente quanto emocionalmente - e o nosso respeito com aquele povo que é nosso irmão", finaliza.

Jordani e os outros 28 voluntários ficaram sete dias no local da tragédia mineira e infelizmente não localizaram sobreviventes, apenas supostos corpos que eram sinalizados por eles para que os militares pudessem fazer a retirada. O estagiário da comarca de Indaial ressalta que o trabalho voluntário só foi possível mediante liberação da chefe de cartório e de todos os colegas do fórum que apoiaram sua ida a Brumadinho.

Imagens: Divulgação/Arquivo Pessoal
Conteúdo: Américo Wisbeck, Ângelo Medeiros, Daniela Pacheco Costa e Fabrício Severino
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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