Voltar Exposição no TJ resgata conflitos e transformações da Revolução Federalista em SC
Blumenau já foi a capital do Estado? Sim. Tudo aconteceu no mesmo período em que a Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, chegou a ser transformada em sede provisória dos federalistas, no século 19. Você também não conhece as batalhas sangrentas na baía norte da Ilha de Santa Catarina? Para não repetirmos os mesmos erros do passado, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) abre a exposição "Águas Revoltas - A Justiça Catarinense e a Revolução Federalista" na próxima terça-feira (23), às 14h, no hall de entrada do Auditório Ministro Teori Zavascki, em Florianópolis. O evento marca os 125 anos da Revolução Federalista e os 127 anos do TJSC. Segundo o curador da mostra e chefe da Divisão de Documentos e Memória do Poder Judiciário, Adelson André Brüggemann, o conceito será de ausência e de presença.
 
Para o desembargador Moacyr de Moraes Lima Filho, 1º vice-presidente do Tribunal de Justiça, a exposição é um alerta à sociedade. "Neste momento de várias crises políticas e econômicas, o Judiciário reputa essenciais o resgate de um período tão conturbado da história nacional e uma imersão neste passado não muito distante. O conflito, que resultou em tantas mortes e destruição, serve para alertar as atuais gerações das graves e nefastas consequências de medidas extremas e da importância de buscar, sempre pela via da legalidade e do respeito entre as instituições, as soluções dos conflitos cotidianos", afirma o desembargador.
 
Apesar de ter sido um episódio de curta duração (1893 a 1895), a Revolução Federalista, que se levantou contra o regime centralizador iniciado com a Proclamação da República, teve muitas consequências no âmbito da Justiça. O recém-criado Tribunal de Justiça (então designado "Superior Tribunal de Justiça") passou a chamar-se Tribunal da Relação. No ano seguinte, o então governador do Estado, Manoel Joaquim Machado, dissolveu o tribunal e nomeou magistrados simpatizantes da causa federalista, por exemplo.
 
A pesquisa histórica foi realizada pela equipe do Museu do TJSC e por universitários. Uma das informações interessantes é de que a Ilha de Santa Catarina chegou a ser transformada em sede provisória do governo revoltoso entre 14 de outubro de 1893 e 16 de abril de 1894, e nesse período a cidade de Blumenau foi a capital do Estado, sob o governo de Hercílio Luz.
 
"A mostra é uma peça fundamental, não apenas para o resgate histórico, mas também para a valorização das instituições preocupadas com a preservação da história. Não é uma exposição apenas com o acervo do TJ, mas com artigos da Marinha do Brasil, da Polícia Militar, do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), além de aproximar o Judiciário da comunidade, dada a carência desses eventos", observa o diretor-geral Judiciário, Maurício Walendowsky Sprícigo. A exposição, com entrada gratuita, está aberta ao público geral das 12h às 19h, de segunda a sexta-feira.
 
Batalhas marítimas
 
O chefe da Divisão de Documentos e Memória do Poder Judiciário, Adelson André Brüggemann, informa que o conceito da exposição será de ausência e de presença. Isso porque a navegação era um meio de transporte de passageiros e de mercadorias entre as cidades brasileiras no século 19, situação que não acontece atualmente. O mesmo ocorre com os processos judiciais das execuções de federalistas, que não existem porque não foram julgados, diferentemente dos republicanos. Além destes, a mostra vai apresentar armas, imagens de navios, maquetes de veleiros e muito mais.
 
"A ausência não é apenas de processos judiciais, mas também de nomes de cidades e de ruas. Os federalistas mortos ainda são praticamente desconhecidos, a exceção é o barão de Batovi, que também foi assassinado. Já do lado republicano, Hercílio Luz e Felipe Schmidt, por exemplo, são nomes de ruas, praças e cidades, o que reflete a presença. Assim, vamos trabalhar com um lado claro e um escuro que destacam, respectivamente, a presença e a ausência de luz", destaca Adelson.
 
A exposição demonstra que os federalistas fizeram largo uso do mar e de rios para tomar de assalto cidades, portos e fortificações. A embarcação de maior importância para os federalistas nessa luta foi o encouraçado Aquidabã, de fabricação inglesa, que foi tomado por oficiais da Marinha contrários ao governo. O navio foi trazido ao Estado para ser expoente na luta contra o regime republicano.
 
Serviço
 
Exposição: "Águas Revoltas - A Justiça Catarinense e a Revolução Federalista";
Quando: de 23 de outubro de 2018 a janeiro de 2020;
Horário: das 12h às 19h, de segunda a sexta-feira;
Entrada: gratuita;
Grupos e escolas: (48) 3287-2436
 
Imagens: Michael Gonçalves/Assessoria de Imprensa do TJ
Conteúdo: Américo Wisbeck, Ângelo Medeiros, Daniela Pacheco Costa e Fabrício Severino
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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