Voltar Faroeste no Vale: homem tenta matar pai e filho e tiroteio assusta bairro Progresso

Duas coisas são difíceis de acreditar nessa história. A primeira é que ninguém morreu, embora todos os envolvidos tenham sido baleados, e a segunda é o motivo da desavença: duas garrafas térmicas. Em 10 de janeiro deste ano, por volta das 20h, uma das ruas do bairro Progresso, em Blumenau, foi palco de uma cena de faroeste. 

Conforme a denúncia, um pedreiro de 60 anos vai de carro até a casa de dois ex-inquilinos, pai e filho. Leva com ele um facão, um revólver, uma espingarda e várias munições - tudo sem autorização e em desacordo com a lei. Chama pelos desafetos, buzina, permanece dentro carro. Um dos inquilinos - o pai -  sai de casa, aproxima-se do veículo, começa uma discussão.

Então, sempre conforme a acusação, o pedreiro saca o revólver e atira três vezes contra a vítima, erra dois disparos e acerta um no ombro. Ainda assim, a vítima consegue pegar um vaso sanitário - uma das testemunhas diz que era uma pia de cozinha - e o arremessa contra a janela do carro do agressor. Como e onde a vítima pegou o vaso (ou a pia), em plena via pública, não foi detalhado no acórdão.   

O filho, em casa, ouve o barulho e corre até a rua. De dentro do veículo, o homem dispara três tiros contra a cabeça do recém-chegado, mas ele desvia e nenhum deles acerta o alvo, apenas seu dedo. O revólver do agressor cai no chão e neste instante, de acordo com o Ministério Público, "com o nítido objetivo de defender a si e seu pai, que está caído na calçada", o filho - de 20 anos - consegue alcançar a espingarda do pedreiro, no banco de trás do carro, e atira nas pernas dele - o pedreiro acelera o carro e foge, mas volta instantes depois.

O pai continua caído no chão e o filho, com a espingarda nas mãos, pede aos vizinhos que chamem uma ambulância e a polícia. Ao ver o pedreiro de volta, o filho não hesita: vai até ele, o desarma e o mantém sob a mira da espingarda até a chegada da Polícia Militar. O pedreiro é preso em flagrante.  Ao perguntarem os agentes o motivo da fúria incontrolável, ele diz que foi por causa de duas garrafas térmicas que as vítimas teriam furtado dele quando eram seus inquilinos. 

O juiz Juliano Rafael Bogo, da 1ª Vara Criminal da comarca de Blumenau, aceitou a denúncia do MP e pronunciou o pedreiro por tentativa de homicídio qualificado pelo motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, e por tentativa de homicídio simples. O pedreiro recorreu da decisão e o caso chegou ao Tribunal de Justiça. O réu alega que não há provas da autoria do crime e diz ainda que a vítima - o pai - teve possibilidade de se defender, tanto que jogou contra ele um objeto (vaso sanitário ou pia, conforme as diferentes versões).  

No entanto, de acordo com o desembargador Zanini Fornerolli, relator da matéria, consta nos autos provas da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria e do dolo do agente, por isso a questão deve ser julgada pelo Tribunal do Júri. "Não é necessário, nesta etapa, um juízo de certeza", explicou o magistrado. Portanto, quem vai dizer se tudo aconteceu como descrito na denúncia, e se o pedreiro é culpado ou não, é o júri popular. O voto do relator foi seguido de forma unânime pelos desembargadores Alexandre d'Ivanenko e José Everaldo Silva (Recurso em Sentido Estrito n. 0000143-58.2019.8.24.0008).

Imagens: Divulgação/Pixabay
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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