Voltar Laço Branco: O homem faz o que para tornar o mundo um lugar mais seguro às mulheres ?

O dia mundial para debater as ações dos homens no combate à violência contra a mulher, neste 6 de dezembro, que marca a campanha Laço Branco, integra também a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulher, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo da iniciativa é engajar os homens na luta pelo fim da violência contra a mulher, em ações nas políticas de saúde, educação, trabalho, ação social, justiça, segurança pública e direitos humanos. Para que os homens não fechem os olhos diante da violência contra o gênero feminino.

A campanha tem origem em um massacre na cidade de Montreal, no Canadá, aonde 14 mulheres foram assassinadas em uma sala de aula da Escola Politécnica, no dia 6 de dezembro de 1989. O autor dos crimes não suportava a ideia de ver mulheres estudando engenharia, um curso tradicionalmente dirigido ao público masculino. Por conta disso, a campanha Laço Branco foi criada no Canadá em 1991 — no Brasil desde 2001, e atualmente em mais de 55 países.

O psicólogo Matheus Ramalho, da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid) – do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), observa que a inércia dos homens em relação à violência de outros homens contra mulheres (no âmbito doméstico ou não) em muito contribui para a perpetuação da violência de gênero. Por isso, a importância no estímulo para que os homens reflitam sobre o seu papel no enfrentamento à violência contra mulher.

“Repensar o papel do homem ante às situações de violência contra mulher vai além de se abordar sobre as punições legalmente previstas ou ações voltadas especificamente àqueles homens que já foram autores deste tipo de violência. Cabe, antes, pensar no que todos os homens, em seu cotidiano, ainda que não autores inequívocos de violências de gênero, podem implementar em seu dia-a-dia na busca pela construção de uma realidade social mais equânime e mais segura às mulheres”, destaca o psicólogo da Cevid.

Com a popularização da campanha Laço Branco pelo país, a expectativa é de que mais homens reflitam sobre seu papel na sociedade e sobre a masculinidade em suas relações com a violência contra mulher. Dessa maneira, será possível fortalecer o ciclo de mudança social no sentido da equidade de gênero.

Para Pedro Silfredo, assistente social da comarca de Joinville, para construir uma sociedade mais segura às mulheres, no âmbito das atitudes individuais e do dia-a-dia, os homens devem mudar alguns comportamentos. “A desconstrução de estereótipos que foram e são repassados de geração em geração ao longo da nossa vida, seja no ambiente doméstico, escolar ou de trabalho, que apontam certos comportamentos ou profissões como pertencentes a um gênero específico; também, repensar falas cotidianas, até mesmo aquelas com pretensa finalidade de humor, que parecem inocentes, mas que na realidade, estão carregadas de misoginia”, pontuou o assistente social.

Já Ivan Baraldi, assessor no Núcleo V da Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ), aponta que, para o mundo se tornar um lugar mais seguro, justo e igualitário, os homens precisam ser figuras paternas presentes. “Quando na condição de pais, os homens precisam cumprir seu papel nas tarefas de cuidado com as crianças, sem sobrecarregar suas parceiras. Os homens devem se perguntar se eles estão efetivamente atuando na educação das filhas e dos filhos de modo a combater, desde cedo, o machismo, o racismo, a homofobia, e toda a sorte de preconceitos”, concluiu o assessor.

A campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher teve início no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra no país, e segue até o dia 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos. A iniciativa representa um marco no aprofundamento das políticas de combate à violência de gênero, feminicídio e outras formas de agressões no âmbito do Judiciário.

Imagens: Divulgação/Congresso Nacional
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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