Voltar O Brasil é um país perigoso para as mulheres, diz ouvidora das Mulheres do CNJ

Um canal direto entre o Judiciário e a sociedade com o objetivo de prevenir e combater a violência contra as mulheres. Esta é uma das missões da Ouvidoria da Mulher do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que será instalada nesta terça-feira (23/8), às 18h, na Sala de Sessões Ministro Teori Zavascki. 

A ouvidora nacional da Mulher no âmbito do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), desembargadora Tânia Reckziegel, vem a Florianópolis prestigiar a solenidade. Primeira titular do órgão, ela aborda na entrevista a seguir, realizada por e-mail, a importância da iniciativa e por quais motivos ela se faz tão necessária, elenca os principais desafios e manda um recado aos céticos: “Se eu não acreditasse (ser possível tornar o Brasil um lugar seguro para as mulheres), não me engajaria e não me empenharia tanto a uma causa como tenho feito todos os dias desde que assumi este desafio.”

A senhora está à frente da Ouvidoria Nacional da Mulher desde fevereiro. Qual tem sido o principal desafio desta missão?

O principal desafio tem sido o reconhecimento da importância da Ouvidoria pela sociedade como um todo, que as pessoas saibam que ela existe e que é um canal de comunicação direto com o Judiciário, o órgão que pode auxiliar. E esse é um desafio porque tudo o que é novo, naturalmente, assusta e é visto com desconfiança. Neste sentido, os meios de comunicação assumem vital importância ao divulgarem as ações da Ouvidoria. Fica aqui registrado meu agradecimento a todos os profissionais de imprensa pelo apoio que têm dado à Ouvidoria Nacional da Mulher. 

Por que se faz necessária uma Ouvidoria especialmente para as mulheres?

As notícias divulgadas diariamente pela imprensa, de violência de todos os tipos contra as mulheres, demonstram essa necessidade. Infelizmente, esses índices só aumentam em nosso país, apesar de todos os esforços. Violência doméstica, no trabalho, na política, em todas as esferas. Antes de tudo, é necessária uma evolução social a partir do reconhecimento pela mulher da sua força, interna e externa, e da visão obtida da mulher pela sociedade. Dessa forma, a Ouvidoria Nacional da Mulher vem agregar esforços aos órgãos e instituições que trabalham para a redução da violência contra as mulheres em todos os níveis. 

O Brasil é um lugar perigoso para as mulheres. A senhora acredita que isso pode mudar?

Realmente, o Brasil é um país perigoso para as mulheres. As barbaridades de que tomamos conhecimento todos os dias até a morte comprovam essa afirmação. No entanto, apesar das dificuldades, sou otimista. Se eu não acreditasse, não me engajaria e não me empenharia tanto a uma causa como tenho feito todos os dias desde que assumi este desafio. Acredito que, com ações conjuntas para alcançar uma consciência coletiva de proteção e respeito às mulheres, vamos conseguir vencer esse mal em nosso país. Nesse sentido, é essencial que continuemos lutando por políticas institucionais que ampliem a participação feminina na sociedade, com investimento em qualificação profissional. Com muita dedicação e esperança, trabalho incansavelmente para que possamos, de todas as formas, eliminar esse problema que atinge tantas pessoas e que compromete o núcleo familiar como um todo.

Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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