Voltar Ovinocultura é alternativa para jovens que cumprem medida socioeducativa no oeste de SC 

Jovens do Centro de Atendimento Socioeducativo Regional (Case) de Chapecó mantêm uma rotina peculiar em seu cotidiano. Internos com comportamento exemplar e que apresentam bom desempenho nas atividades propostas são responsáveis pela criação de 17 ovelhas da raça Santa Inês.

São eles que cuidam da alimentação – ração ou direcionamento de pasto através de recente sistema de piqueteamento – e fornecimento de água fresca, assim como se responsabilizam pela limpeza dos espaços e até funções mais complexas, como partos. Os animais, ao final, são comercializados entre os próprios servidores e outras pessoas da comunidade. A oficina laborterápica foi instituída há quatro anos naquele estabelecimento. O trabalho é conduzido e supervisionado por técnicos especialistas na área.

A juíza Surami Juliana dos Santos Heerdt, titular da Vara da Infância e Juventude da comarca de Chapecó, lembra que antigamente a medida socioeducativa era apenas punição, mas o trabalho da última gestão mudou totalmente o padrão de atendimento aos adolescentes, que agora são tratados de maneira mais humana, sem deixar de lado a disciplina necessária. A preocupação com a reinserção social dos jovens transformou a unidade em referência nacional, já que apenas 20% dos adolescentes apreendidos voltam a cometer infrações.

“É imprescindível que todas as atividades sejam mantidas pela nova gestão, sob pena de retrocesso e perda de um árduo trabalho desenvolvido ao longo dos anos pela Administração, pelo Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, que sempre trabalharam em parceria. Em tempos passados, o ócio dentro da unidade era um grande problema, que favorecia inclusive atos de indisciplina. Hoje, os adolescentes se profissionalizam durante o período de internação. Eles saem preparados e gostando de trabalhar, sentindo-se mais confiantes e necessários. Tanto o Poder Judiciário quanto a equipe técnica do Case acompanham os egressos e seus familiares durante um período após a saída da unidade. A diferença é perceptível e muito positiva. No contexto das atividades desenvolvidas, a ovinocultura, além de profissionalizar, também humaniza os jovens, que aprendem a respeitar os animais e a apreciar a natureza”, avalia a magistrada.

De acordo com o superintendente da regional Oeste, Matheus Rodrigo da Cruz, o objetivo da oficina de ovinocultura é cumprir com os ditames legais que disciplinam a oferta de atividades profissionais aos internos e executar as diretrizes gerais elaboradas pelo Departamento de Administração Socioeducativa (Dease). Além disso, os ensinamentos transmitidos são de grande valia para a reinserção no mercado de trabalho formal quando egressos do sistema socioeducativo, pois as atividades agrícolas são a principal economia do Oeste.

“A aprendizagem de uma profissão e a possibilidade palpável de uma vaga de trabalho formal, quando egresso, assumem a forma de um dos pilares da reinserção social e fundamento da Constituição Federal, qual seja, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e também serve para quebrar o ciclo vicioso do recrutamento de pessoas para o crime organizado”, enfatiza.

Outro benefício da ovinocultura é a limpeza do terreno, já que os animais se alimentam tanto do pasto quanto de algumas ervas daninhas e com isso praticamente eliminam a necessidade de roçar os ambientes por onde circulam. E ainda há interação com a comunidade onde o Case está instalado, no bairro Efapi. “As ovelhas servem de atrativo especial para os moradores das redondezas, principalmente para as crianças, que ficam encantadas com os animais. Muitas famílias passam bons momentos apreciando as ovelhas no pasto”, destaca.

Além do trabalho com ovelhas, os adolescentes do Case Chapecó podem frequentar oficinas de horticultura tradicional e hidropônica, panificação, biblioteca, música e teatro, além de aprendizados na área elétrica predial e na construção civil.

Ovinocultura

A ovinocultura tem se desenvolvido cada vez mais em Santa Catarina. Atualmente, são abatidas aproximadamente 10 mil cabeças por mês. No entanto, a maioria dos animais é adquirida em estados vizinhos. Recentemente, o Plano Catarinense de Desenvolvimento da Ovinocultura – elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina, Associação dos Criadores de Ovinos de Santa Catarina e Sebrae/SC – foi entregue ao governo estadual com a meta de atingir abate anual de um milhão de animais e rendimento de R$ 500 milhões/ano, no prazo de 10 anos.

Imagens: Divulgação/Caser
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

Copiar o link desta notícia.