Voltar Para conselheira do CNJ, presença feminina no Judiciário "está abaixo do aceitável"

¿Nós temos poucas mulheres no Judiciário, poucas mulheres na segunda instância e nos tribunais superiores, portanto é preciso discutir esta realidade e apontar meios de transformá-la¿, assevera Maria Cristiana Simões Amorim Ziouva, conselheira do CNJ e procuradora chefe da Procuradoria Regional da República. Ela participou no dia de hoje (5/12), na sede do TJ catarinense, de um workshop sobre a Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário.

A transformação, segundo Maria Cristiana, passa por uma mudança de cultura, ainda atrasada e machista.  ¿O que se busca é uma mudança de consciência e isso leva tempo¿, analisa. Para ela, a situação no Brasil é triste e ¿está abaixo daquilo que seria aceitável¿. Ela lembra que ¿ ainda longe do ideal -  há uma participação maior das mulheres nas Justiças Estaduais e do Trabalho, mas na Justiça militar a presença é pífia.

Em sua explanação, Maria Cristiana traçou um histórico acerca dos direitos conquistados pelas mulheres e pontuou as barreiras enfrentadas para ocupar os espaços de poder ainda nos dias de hoje. Na época em que prestou concurso público em outro Estado, ela relembrou, as mulheres eram proibidas de entrar com calça no Tribunal. ¿Fazia muito frio e muitas das candidatas precisaram comprar, às pressas, saias de algodão e as vestiram por cima das calças¿.

O evento começou com a apresentação do coral Vozes que Não Calam e, na sequência, a presidente do Grupo de Trabalho da Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário, Marilande Fátima Manfrin Leida, falou da atuação do grupo e de como ele foi criado, a partir de uma resolução do CNJ de 2018. A desembargadora Salete Silva Sommariva, à frente da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), ressaltou a importância de se buscar a igualdade de gênero para que ¿as mulheres possam viver num mundo mais seguro e para que todas consigam alcançar seus sonhos¿.

Na sequência, o professor Ricardo Bortolini discorreu sobre machismo, masculinidade e papel dos homens na promoção da equidade de gênero.

Na parte da tarde foi exibido o documentário "A Juíza", lançado este ano no Brasil, que retrata a vida de Ruth Bader Ginsburg, magistrada da Suprema Corte dos Estados Unidos. Após o filme, houve a roda de conversas "Discriminação e Equidade de Gênero", com a participação da jornalista Schirlei Alves; da advogada Ana Cristina Ferro Blasi; da advogada vice-presidente do projeto Elas Pedem Vista, Cristina Gama Neves da Silva; da procuradora de Justiça do MPSC Eliana Volcato Nunes; e da procuradora do Estado Rejane Maria. 


O workshop foi promovido pelo grupo de trabalho pertinente à temática no TJ, em parceria com a Academia Judicial.

Imagens: Divulgação/Assessoria de Imprensa TJSC
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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