Servidores da Justiça catarinense compartilham os desafios do dia a dia e a importância da profissão - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina

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Voltar Servidores da Justiça catarinense compartilham os desafios do dia a dia e a importância da profissão

Saiba como eles transformam o serviço público em missão de vida

25 Outubro 2024 | 13h57min
  • Homenagem

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) conta, atualmente, com 6.112 servidores efetivos, que atuam em diversas áreas e desempenham um papel essencial para garantir o funcionamento do Judiciário catarinense. Esses profissionais são a ponte direta entre a Justiça e a população. Em celebração ao Dia do Servidor Público, comemorado no dia 28 de outubro, conheça histórias de servidores de diferentes regiões do Estado que, com dedicação e comprometimento, têm feito do serviço público uma missão de vida.

Realização profissional ao servir a sociedade em SC


 

Há 13 anos no Poder Judiciário de Santa Catarina (PJSC), a oficiala de justiça e avaliadora Thaís Lopes da Silva, de 41 anos, já foi aprovada em seis concursos públicos. Quatro deles somente no Judiciário catarinense, aonde já passou também pelos cargos de técnico judiciário auxiliar e analista jurídico. A servidora foi aprovada ainda ao cargo de comissário de infância, mas acabou desistindo da vaga. Formada em Direito e natural de Salvador (BA), a oficiala de justiça lotada na comarca da Capital teve como primeiro emprego a advocacia.  

"Eu não encontrava na advocacia aquele anseio de trabalhar com a sociedade e de prestar um serviço em que realmente eu sentia ter uma inclinação. Mas como oficial de justiça, acho que me encontrei realmente, porque a gente literalmente trabalha com o público. Quando são pessoas idosas, por exemplo, a gente passa um tempo explicando e dando orientação do que é a Justiça. É um trabalho meio que de assistente social, às vezes meio que de psicólogo, e literalmente estamos atendendo a sociedade, levando a Justiça, mas também orientando, esclarecendo e acolhendo”, anotou. 

Para quem deseja seguir a carreira de servidor público, Thaís revela o segredo de tantas aprovações. “Passei alguns anos me dedicando exclusivamente ao estudo. Eu não fazia absolutamente mais nada. Eu tinha uma família que me proporcionava essa condição, mas mesmo sem isso, se você tiver dedicação, você consegue entrar. Pode levar um pouco mais de tempo ou um pouco menos, dependendo do tempo que você disponha para o estudo. Mas se você se dedica realmente, dá pra entrar sim e vale muito a pena”, completa a servidora que atua há sete anos no cargo de oficial de justiça.


Mais de três décadas atendendo o cidadão 


 

Rosane Marques Alano nasceu na mesma data em que se comemora o dia do servidor público. E essa função está no DNA da coordenadora da Central de Mandados da comarca de Lages. Antes de ingressar no Judiciário, Rosane já era servidora pública. Foi a primeira carteira num universo de mais de 40 colegas, todos homens, nos Correios. Nesta fase aprendeu a andar de bicicleta e conheceu muita gente pelos bairros da cidade. Esse convívio diário com as pessoas a fez ter certeza que era isso o que queria para seu futuro.

Em 1996, quando o Fórum de Lages ainda cheirava a tinta, pois a nova e atual sede tinha sido inaugurada recentemente, a técnica judiciária auxiliar, encarou a mudança. Grávida da segunda filha e já formada em Ciências Contábeis, assumiu o novo posto na 3ª Vara Cível, que naquela época também tinha competência fazendária, tempo em que as audiências eram feitas na frente de uma máquina de escrever, o processo era físico e localizado por meio de anotação nas "fichinhas" para atendimento no balcão. 

Em 28 anos de atuação, passou pela Central de Mandados, 4ª Vara Cível, Vara da Fazenda, Juizado Especial Cível, Distribuição, Executivo Fiscal e novamente na 3ª Cível. Rosane gosta de estudar. “Sou uma eterna aprendiz. Acho que sempre tem alguma coisa que posso fazer e aprender”, diz. Para estar ainda mais bem preparada para exercer sua função, cursou Direito, fez uma pós-graduação em Modernização da Gestão do Poder Judiciário, outra em Direito Penal e Processo Penal, além da pós em Direito Sistêmico. Ela também é facilitadora da Justiça Restaurativa e em grupos reflexivos de homens autores de violência. Agora, está em formação nos cursos de mediação e conciliação e coordenação de grupos de apoio e reflexão. 

Estes últimos têm mudado o modo como vê as pessoas. “Quando observo ao meu redor, vejo exatamente o que não fazer e me coloco no lugar do outro. Acredito que tratar alguém como você gostaria de ser tratado é fundamental para um servidor público. Nosso salário vem do dinheiro público, então, temos que atender bem as pessoas”, diz Rosane. Particularmente, além de comemorar o aniversário, o dia 28 de outubro é dia de celebrar a importância desta função para a sociedade. “Não existe serviço público sem o servidor. O computador ainda não consegue atender o telefone, levar alguém ao elevador ou dizer onde é o banheiro. O bom atendimento também está nas coisas simples, e estas a inteligência artificial ainda não consegue fazer. Vamos celebrar as pessoas, o ser humano que está nas instituições prestando um bom serviço”, finaliza.

Rotina repleta de responsabilidade e reconhecimento


 

Inspirado pelo desejo de compreender o comportamento humano e impactar a vida das pessoas, o psicólogo Renato Kern Gomes, 48 anos, que atua na comarca de Blumenau, encontrou no serviço público uma oportunidade de transformar sua trajetória profissional. Após 14 anos como técnico no Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), ele decidiu mudar de carreira e, em 2019, após concluir seu mestrado, foi nomeado e ingressou no TJSC. 

Desde então, ele tem desempenhado um papel essencial em processos que tramitam nas Varas Criminais e da Infância, os quais envolvem acolhimento institucional, disputas de guarda e avaliações psicológicas de vítimas de violência, enfrentando desafios que demandam tanto sensibilidade quanto precisão. “Nessa rotina, os desafios e responsabilidades são absolutos, inerentes à seriedade das questões envolvidas”, compartilha, ressaltando que muitas experiências o marcaram ao longo de sua trajetória no Poder Judiciário, como a participação na sessão do Tribunal do Júri que julgou o caso ocorrido na creche de Blumenau.

Além da complexidade de suas atribuições, Renato destaca a liturgia do cargo como um aspecto que valoriza no dia a dia forense. “Percebo que magistrados, membros do Ministério Público e defensores nos tratam com o maior respeito e consideração, dando elevado crédito às peças técnicas que produzimos”, comenta. A estabilidade e as oportunidades de crescimento no serviço público também lhe proporcionaram um equilíbrio entre desenvolvimento pessoal e profissional. Para aqueles que desejam seguir esse caminho, ele aconselha investir no estudo da psicologia jurídica, uma formação essencial para atuar no campo forense.

De estagiária à assessora de gabinete


 

Foi em março de 2003 que iniciou a história da servidora Katya Thalita de Souza com a comarca de Joinville, Norte do Estado. Ainda acadêmica do curso de Direito, ela buscou estágio no fórum afim de integrar-se nas atividades práticas quando foi recebida na 1ª Vara Cível. No ano seguinte conseguiu bolsa de estágio remunerado no cartório da mesma unidade. Em 2005 prestou concurso, ainda estudante, e assumiu o cargo de técnico judiciário dois anos depois, ainda na 1ª Vara Cível. Em 2009, outro concurso, agora como analista jurídico, possibilitou assumir a chefia do cartório da 3ª Vara da Família. Katya também atuou na 2ª Vara da Fazenda Pública de Joinville e, em 2018, chegou à função atual de assessora de gabinete da 2ª Vara da Família.

As atividades desenvolvidas, o ambiente de trabalho, o horário de atendimento e os benefícios que a instituição disponibiliza aos seus servidores - entre eles remuneração acima da iniciativa privada, plano de saúde, auxílio-alimentação, bolsas para ensino superior e pós-graduação -, encantaram Katya. “Sinto-me privilegiada por fazer parte do quadro de servidores do TJSC. É por meio desse trabalho que alcancei minha independência financeira, que construí meu patrimônio e é dele que advém o meu sustento e o de minha família. Tenho consciência que ocupo um cargo que muitos já lutaram e lutam para obter. Por isso, também sinto gratidão em ocupar o cargo que exerço”, conta a assessora de gabinete que desenvolve minutas de despacho, decisões e sentenças.

A servidora admite que enfrentou algumas dificuldades ao longo da carreira - que já completou 21 anos, aliás -, mas tudo dentro do normal como é em qualquer trabalho. “Na maioria do tempo, tive a honra de trabalhar com profissionais altamente qualificados que me ensinaram, auxiliaram e motivaram a evoluir, tanto profissionalmente quanto como pessoa”. 

Para Katya, os servidores são a força motriz que move o Poder Judiciário catarinense e disso depende o empenho de todos os envolvidos, para que seja levada à sociedade uma prestação jurisdicional célere e eficiente. “Gostaria de transmitir a todos os servidores públicos, que assumem efetivamente a responsabilidade de desempenhar suas funções com eficiência, presteza e urbanidade, votos de um feliz dia, especialmente aos colegas servidores do Poder Judiciário. Que nesse Dia do Servidor Público possamos refletir a importância do empenho de cada um de nós para promover uma sociedade mais justa e igualitária”, celebra a ex-estagiária.

Atender como gostaria de ser atendido


 

O chefe de cartório da Vara Criminal de São Miguel do Oeste, Douglas Dill, está lotado na unidade há 11 anos. Escolheu o PJSC por ser uma instituição com boa estrutura organizacional e que oferece boas condições de trabalho. No dia a dia do fórum coordena a equipe que é responsável pela chegada e saída de documentos pertinentes à tramitação dos processos, como alvará de soltura, mandado de prisão, comunicações que serão entregues às partes pelos oficiais de justiça, petições dos advogados e tantos outros relativos às ações judiciais de competência criminal.

“Participar ativamente na administração da Justiça e fazer com que o processo tenha um andamento mais célere e eficiente me deixa realizado, tanto como servidor quanto como cidadão”, revela o servidor. Dill conta que ter o reconhecimento de um bom trabalho pelos pares e superiores no âmbito funcional é um fator que agrada, mas é preciso compreender que, mesmo trabalhando dentro da melhor forma possível, eventuais críticas acontecem.

De toda a experiência vivida no funcionalismo público, acredita que “não podemos esquecer que é a sociedade a principal destinatária das nossas atividades e, por isso, devemos fazer nosso trabalho da melhor forma possível. Gosto de lembrar que devemos prestar nosso serviço da forma como gostaríamos de recebê-lo enquanto cidadãos que somos”.

Veja mais imagens dos servidores do PJSC.

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