Voltar Setembro Amarelo, diz magistrada, quer debate qualificado sobre prevenção ao suicídio

Hoje, 10 de setembro, é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Para a desembargadora Rosane Portella Wolff, à frente da Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude (Ceij) do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, o suicídio não se previne através de apelos morais, mas sim a partir do debate qualificado.

"É preciso buscar a sensibilização da sociedade acerca das formas de identificação, acolhimento e encaminhamento de crianças e adolescentes que estejam apresentando sinais relacionados ao cometimento de suicídio", prega.

Especialistas na matéria são unânimes. É preciso quebrar o tabu e falar abertamente sobre o assunto, mas não apenas hoje ou durante o Setembro Amarelo; é preciso falar com mais frequência porque, como lembra a psicóloga Karen Scavacini, "as coisas não mudam se não falarmos sobre elas".

Para Karen, idealizadora e coordenadora do Instituto Vita Alere, o suicídio é uma doença multidimensional. Ou seja, é influenciada por fatores físicos, psíquicos, culturais, econômicos, sociais, situacionais e biológicos em uma pessoa que acredita no suicídio como a única solução para um problema.

O Brasil registra, em média, 12 mil suicídios por ano, o equivalente a uma morte a cada 45 minutos. E esses números, infelizmente, não param de crescer, inclusive entre crianças e adolescentes. O que fazer para evitar o suicídio nessa faixa etária?

Não há respostas simples para problemas complexos. Ainda assim, experts enumeram alguns fatores de proteção que podem auxiliar e entre eles estão: pedir ajuda e conversar com alguém de confiança, falar o que está sentindo e perceber que, embora às vezes pareça, não se está só.

Importante também ter um suporte social ou familiar, ter acesso a recursos de saúde mental, ter amigos, praticar algum esporte, participar de alguma atividade comunitária, manter equilíbrio entre restrições e liberdade.  

Por outro lado, ainda de acordo com psicólogos, há situações que podem aumentar o risco de suicídio, tais como depressão, baixa autoestima, ter uma visão romântica da morte, estar submetido a normas rígidas e fechadas, sentimento de não pertencimento, uso de álcool e outras drogas, término de relacionamentos, perdas financeiras, abusos, luto e presença de transtornos mentais.

Aos pais, o primeiro conselho é o mesmo de sempre: ouvir, conversar, orientar, tentar não julgar. E depois, com o consentimento do filho ou da filha, encaminhar para um psicólogo e para um psiquiatra. Entretanto, conforme escreveu o psicólogo Thiago Bloss, "a verdadeira prevenção perpassa a defesa de direitos fundamentais, tais como o direito à liberdade de ser e existir, à saúde, à assistência social, à educação, à moradia e, inclusive, a ter uma infância não adultizada".

O Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio lançou, em 2019, uma cartilha* sobre prevenção do suicídio na internet, direcionada aos pais e aos adolescentes, na qual se lê: "O adolescente vive no meio de um turbilhão de ansiedades, expectativas, pressões, hormônios, e não tem maturidade para lidar com tudo isso."

Segundo os autores da cartilha, "além de ter pouca experiência de vida, o cérebro termina de se formar aos 21 anos e até lá ele pode ser mais impulsivo, ter maior dificuldade em raciocinar com clareza, em lidar com frustrações, e maior necessidade em ter prazer imediato". Portanto, é importante o apoio da família e o diálogo franco e respeitoso, sem tabus.

Se você precisa de ajuda ou conhece alguém que necessita de suporte, procure a Unidade Básica de Saúde do seu município ou entre em contato com os canais de apoio: Centro de Valorização da Vida (atende 24 horas por dia, de forma gratuita, pelo telefone 188, chat ou e-mail) e CAPS - Centro de Atenção Psicossocial.

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Para acessar outros materiais e vídeos informativos, visite a página da Campanha de Prevenção ao Suicídio Infantojuvenil produzida pela Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude:  https://bit.ly/2FfulJt

Caso você seja magistrado ou servidor e sinta necessidade de receber suporte emocional emergencial, entre em contato com a Seção de Atenção Integral à Saúde, da Diretoria de Saúde, pelos telefones (48) 3287-7647 e (48) 3287-7627, ou pelo e-mail ds.psicologia@tjsc.jus.br

*Cartilha: SCAVACINI, K., GUEDES, I., CACCIACARRO, M. Prevenção do suicídio na internet: pais e adolescentes. 1.ed. São Paulo: Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, 2019. 27p. ISBN 978-65-80351-01-2.

Imagens: Divulgação/Assessoria de Artes Visuais NCI
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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