Voltar TJ abre espaço para jovens em conflito com a lei exporem esculturas de "Africanas"

"Estes jovens estão resgatados da ociosidade, através da criatividade e da arte". Assim reagiu o desembargador Henry Petry Junior, corregedor-geral da Justiça do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, na tarde desta terça-feira (23), na cerimônia de abertura da exposição "Reciclando ideias - liberdade através da arte", no hall de entrada do TJSC, em Florianópolis. A iniciativa do evento é resultado da parceria entre o Núcleo V - Direitos Humanos da Corregedoria-Geral da Justiça e o Departamento Administrativo Socioeducativo (Dease) da Secretaria de Justiça e Cidadania, do Governo do Estado.

A exposição conta com 40 peças, produzidas por adolescentes que cumprem medidas socioeducativas do Casep - Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório de Tubarão, no sul de Santa Catarina, órgão vinculado ao Dease. "Este evento é a criação de oportunidades aos jovens, função que é do estado e que se concretiza em iniciativas como esta de hoje", adianta o desembargador Rodrigo Collaço, presidente do TJSC.

As obras de arte são - na maioria -, esculturas feitas em papel jornal, cola, tinta e adereços, criadas a partir das "Africanas" de Rosimere Nunes Gonçalves Correa. Ela explica que "tudo começou como um hobby pessoal para dar de presente, mas desenvolvemos a ideia com os jovens, com a vontade deles e a coleta dos jornais, transformando essa atividade numa forma de integração e de arte com essas esculturas", conta, emocionada, a pedagoga do Casep.

Até o início da produção dessas esculturas, o que havia era um grande preconceito sobre tarefas socioeducativas, tidas como uma espécie de "artesanato prisional". Douglas José Souza, coordenador do Casep de Tubarão, explica que "o objetivo principal desta nossa atividade é quebrar o estigma de uma tarefa de prisão. Mudamos isso, criando um caráter artístico, desmistificando a ideia de que eles não tinham a capacidade de criar. Eles chegam a perder a noção do tempo fazendo essas esculturas", relata, animado, o coordenador.

Dos 12 adolescentes hoje internados no Centro, oito estão envolvidos na oficina de arte. A construção e o aprendizado com as "Africanas" fazem estes jovens perceberem "outros interesses, como a leitura, sentindo-se mais valorizados, expressando cultura, dando forma e nome a estas obras de arte", comenta a pedagoga Rosimere. O prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli, também presente na solenidade, ressaltou a parceria entre os executivos estadual e municipal com o Judiciário Catarinense. "Estamos concebendo uma forma criativa para devolver a dignidade a nossa juventude. Cabeça vazia é a oficina de coisa ruim. Invertemos esta lógica", completou o prefeito.

O resultado positivo deste trabalho no sul do estado vai ganhar novas edições em outros Caseps, avisa Zeno Tressoldi, diretor da Dease. "Estamos reconstruindo vidas neste trabalho com esses adolescentes. A palavra que define isso aqui é a intersetorialidade, a junção desses poderes públicos. Vamos ampliar esta experiência para outras áreas de Santa Catarina", completa o diretor.

A exposição ficará aberta até o dia 6 de maio. O Cerimonial e o Museu Histórico do TJSC, organizadores do evento, dispuseram seis vitrines e dois painéis para mostrar as peças, além de um livro de registro para os visitantes, que poderão deixar informações para aquisição das obras ao término do evento.

Imagens: Divulgação/Assessoria de Imprensa TJSC
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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