Voltar Vinícius, o homem de ferro, é uma pessoa comum que avança também no Judiciário de SC

Já imaginou encarar 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida – tudo num dia só e sem descanso? Vinícius Araújo, 30 anos, servidor do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, encarou o desafio no Ironman, realizado anualmente em Florianópolis, e completou a prova em 12 horas e 32 minutos. O mais extraordinário deste feito, no entanto, é a história que o precede.

Antes de decidir ser triatleta, Vinícius fazia exercício de forma esporádica, se alimentava mal – com excesso de Nescau e de pão com doce de leite –, e a balança denunciava o sobrepeso. Então assistiu a uma série de matérias do Esporte Espetacular, da Globo, sobre pessoas comuns que faziam o Ironman. “Pensei na hora: se eles podem, eu também posso.”

Se adiantasse sua decisão para a família ou amigos, crê, eles certamente ririam, mas depois ficariam sérios e preocupados. “Quem conhece sabe o quanto Vinícius tem garra e adora um desafio”, diz a mãe, Sandra. Ela conta que, quando o filho se propõe a fazer algo, não desiste, vai até o final.

E assim foi mais uma vez. Ele não desistiu da ideia do Ironman. Começou os exercícios na rua, com algumas corridas curtas de 7 a 10 km; contratou um treinador, comprou uma bicicleta de 10 marchas e voltou a nadar, esporte que fazia desde pequeno. Sem estar plenamente preparado, encarou o primeiro grande desafio: o meio Ironman no Rio de Janeiro, prova de 1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21,1 km de corrida.

“Minha meta era fazer 30 km/h no ciclismo e este foi o erro porque forcei demais, fiquei exausto para correr a meia maratona na sequência.” Mas completou a prova em seis horas e 19 minutos, para alegria dele e da família, que foi prestigiá-lo. “Ela deu um ânimo a mais para eu poder concluir o desafio.”

Mesmo depois do perrengue no Rio, a ideia de participar da prova completa não saía da cabeça. Por várias vezes, Vinícius entrava no site do evento, jogava a inscrição no carrinho e desistia. Até que finalmente se inscreveu, alinhou os ponteiros, procurou uma nutricionista, cumpriu todos os treinos planejados e, apesar de ter uma lesão no quadril no meio do ciclo, foi com a cara e a coragem.

No ônibus

Sempre presente, a família deu a força necessária quando ele decidiu estudar para um concurso público. Vinícius fazia faculdade de administração de manhã, estágio no TJ à tarde e cursinho à noite. Ele morava (e ainda mora) em São José, estudava na Trindade e trabalhava no Centro. “Na verdade, estudei mesmo no ônibus.”

As horas de estudo no ônibus surtiram efeito. Ele passou no concurso do Tribunal para técnico judiciário auxiliar em 2011 – tinha 19 anos. Ingressou como servidor no ano seguinte. Ficou onde já estava, na Divisão de Orçamento. “Os colegas me ajudaram muito no começo e continuam me ajudando agora”, reconhece. Hoje, dez anos depois, é o chefe da Seção de Acompanhamento e Projeção Orçamentária.

O que aprende no esporte, coloca em prática no trabalho. Para Eduardo Cardoso Silva, diretor de Orçamento e Finanças do TJ, todo o progresso que Vinícius teve no esporte também é visto na carreira profissional, onde avançou de estagiário para técnico e de técnico para analista. "Ele melhora os procedimentos e produtos do setor onde trabalha, visando sempre aperfeiçoar a qualidade dos serviços."

Vinícius afirma que é preciso planejar e executar, aprender com os erros e seguir em frente. “O segredo está na constância”, avalia. Um dia de cada vez, um passo de cada vez. Pensou nisso quando iniciou a prova do Ironman na capital e quando a concluiu, sob os olhos e os aplausos orgulhosos da família, da namorada e dos amigos. “Foi uma das sensações mais intensas que tive, não dá para explicar.”

Ele também não explica a fé que deposita em Deus, o amor que sente pela namorada, com quem convive há sete anos, e a paixão que tem pelo Avaí. Diz sem dizer que não é possível definir esses sentimentos.

A frase que o guia é do ciclista Henrique Avancini: “Pessoas ordinárias são capazes de feitos extraordinários.” Ele poderia usar também outra frase, esta do francês Jean Cocteau: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”

Imagens: Divulgação/Arquivo de Família
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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