Biblioteca Desembargador Marcílio Medeiros

Na época supercongestionada de informações em que vivemos, um dos principais papéis das bibliotecas é funcionar como filtros que separam, selecionam e classificam dados, de forma a possibilitar ao usuário o acesso rápido e preciso às informações de que necessita. Trata-se de um trabalho muito bem desenvolvido pela Biblioteca Desembargador Marcílio Medeiros, especializada na área jurídica e referência catarinense nesse campo. Até que se chegasse a poder consultar, reservar e devolver on-line as dezenas de milhares de itens de um acervo perfeitamente organizado, contudo, um longo caminho seria percorrido.

Desde a inauguração do então denominado Superior Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em 1891, os desembargadores adquiriam e guardavam obras e textos necessários a sua prática profissional. Lembrando que leis, doutrinas e jurisprudência compõem as principais fontes de informação do conhecimento jurídico, sabe-se que já em 1908 completaram-se, na incipiente biblioteca do Poder Judiciário, as coleções de leis nacionais.

Em 1936 um servidor foi nomeado para exercer a função de bibliotecário. A partir de 1943 passou a existir o registro minucioso de cada obra, livro ou revista adquiridos. Havia preocupação em encadernar as jurisprudências, inclusive de tribunais de outros estados, e um funcionário, Sr. Pery Bittencourt, fazia o tratamento preventivo dos livros (uma espécie de desvermifugação) com pincel e querosene.

Apesar de todos esses cuidados, porém, até 1969 não há registro de nenhuma prática bibliotecária do tipo classificação, catalogação, indexação, seleção ou disseminação. A tecnologia empregada era papel e caneta. Em 1970 foram compradas estantes de aço e uma máquina de escrever. O computador entrou em cena na década de 1980, e houve resistência dos funcionários mais antigos na sua adoção.

Porém os obstáculos foram sendo vencidos, os servidores qualificados e, em 1996, iniciou-se a implantação da rede de internet e intranet no Judiciário. Já em 1997 quase todo o acervo estava cadastrado em sistema informatizado.

A partir daí diversas mudanças físicas e tecnológicas sucederam-se rapidamente, sempre no sentido da melhoria dos serviços, mas a aquisição, em 2006, do software Sistema Integrado de Bibliotecas - Pergamum, foi um divisor de águas. O programa funciona de maneira integrada e garante agilidade bem maior no acesso à informação.

Hoje a Biblioteca Desembargador Marcílio Medeiros presta um serviço de excelência aos públicos interno e externo. Além de ser a mais atualizada do Estado no campo jurídico, possui interessante acervo literário e um setor de obras raras, que só podem ser consultadas em suas dependências. Além disso desdobra-se em seis bibliotecas setoriais, na Academia Judicial e comarcas.

O nome da Biblioteca

Na década de 1980 as bibliotecárias que atuavam no Tribunal de Justiça fizeram uma pesquisa e constataram que todas as bibliotecas de tribunais tinham nome. Segundo as funcionárias da época, ouvidas em um trabalho de conclusão de curso realizado pela ex-terceirizada Kátia Maria Costa (2008), o Desembargador Marcílio João da Silva Medeiros adorava ler, frequentava a biblioteca assiduamente, admirava o trabalho dos seus funcionários e foi o responsável por permitir que estudantes também viessem pesquisar na Biblioteca. Assim, no ano de 1985, essas servidoras sugeriram à presidência batizar a Biblioteca com o nome do Desembargador, e foram atendidas.  Em três de maio de 1985 um discurso do homenageado, aposentado um ano antes, atribuiu à Biblioteca o nome Desembargador Marcílio Medeiros.