Dicas de português

Voltar Português no cotidiano

A dica de português deste mês faz uma reflexão a respeito do português no cotidiano.

Basta prestarmos a devida atenção ao que ouvimos e ao que lemos, para podermos constatar, nos mais variados cenários, o emprego equivocado das palavras, seja pelo desconhecimento do idioma, pela falta de vocabulário, pelo famigerado anglicismo.

A questão é que os equívocos podem nos prejudicar em certos momentos da nossa vida, inclusive da nossa vida profissional. Por tal razão, é importante que estejamos atentos ao português falado e escrito, para que possamos compreender melhor como nos comunicamos.

Assistindo a um programa de televisão, um reality show culinário, notei alguns erros interessantes.

O primeiro deles, de um dos candidatos, comentando que o seu conterrâneo merecia ganhar a prova. Para a minha surpresa, ele, um candidato do interior de São Paulo, chamou o colega, que é do norte do Brasil, de conterrâneo. Claro, se ele se referia ao fato de serem do mesmo país, certamente eles são conterrâneos. Mas será que foi o que ele quis dizer, já que os participantes são brasileiros? Vejam que o emprego do termo conterrâneo gerou a dúvida e, para mim, ele pretendia chamar o colega de contemporâneo, já que ambos aparentam ser da mesma idade.

Em um segundo momento, um dos jurados, ao avaliar o prato do competidor, utilizou o verbo ressaltar no lugar do substantivo ressalva: seu prato está bom, mas com uma ressalta. Será que ele sabe que ressaltar e ressalvar possuem significados diferentes e, além disso, que o substantivo derivado do verbo ressalvar é ressalva, ressalta sequer existe?

Os escorregões linguísticos apontados ocorreram em um episódio, mas eles se repetem continuamente e nos mais diversos contextos. Eles se propagam nas redes sociais, em outros programas televisivos, nas legendas dos filmes e das séries disponíveis nos serviços de streaming, nas petições, nos trabalhos acadêmicos, nas conversas, nas sentenças, a lista não tem fim.

O erro pode acontecer? Obviamente que sim, os tropeços com o idioma sempre existiram e sempre existirão.

A grande questão é: como devemos agir ao constatarmos o erro? Devemos ignorá-lo? Disseminá-lo? Estudarmos para compreender o português e, consequentemente, não cometer tantos equívocos?

Por certo, ninguém precisa ser um dicionário ambulante, mas até que ponto respeitamos nossa língua materna? Onde está nossa curiosidade linguística, que nos permite exercer a qualidade mais preciosa da condição humana - a linguagem - com melhor qualidade e clareza?                                                                    

Elaboração: Patrícia Corazza