Dicas de português

Voltar Verbo no particípio

Vez ou outra é possível observar alguma confusão com o verbo no particípio, principalmente na comunicação verbal. Afinal, quem nunca ouviu "eu tenho chego" pelo menos uma vez na vida? E quem nunca ficou em dúvida se o "CHEGO" está correto? Acontece que, infelizmente, os erros também acontecem nos textos; o problema é que nos textos todos os erros ficam registrados.

O verbo no particípio possui duas formas: regular e irregular. O particípio regular é aquele que termina em -ado e -ido; o irregular, por sua vez, costuma ser mais curtinho, reduzido.

Dentro desta classificação principal, existem os verbos que são apenas irregulares, ou seja, não aceitam o final -ido ou -ado. São eles: dizer (dito); escrever (escrito); fazer (feito); ver (visto); pôr (posto); abrir (aberto); cobrir (coberto); vir (vindo). Vale destacar que os derivados destes verbos seguem o mesmo raciocínio.

Até aqui não há muita complexidade. A questão é que existem os verbos denominados abundantes, que são aqueles que aceitam o particípio na forma regular e irregular. Dentre eles, cite-se: aceitar, entregar, expressar, expulsar, matar, salvar, soltar, acender, benzer, eleger, prender, romper, suspender, concluir, imprimir, inserir, omitir, submergir.

Mas quando usamos um ou outro?

No caso dos verbos abundantes, a regra é simples: o particípio regular é utilizado com os verbos ter e haver (tempos compostos da voz ativa); o irregular, com os verbos ser e estar (tempos da voz passiva).

Porém, alguns verbos permitem ambas as modalidades: aceitar (ele tinha aceitado/aceito); salvar (ele tinha salvado/salvo); eleger (ele tinha elegido/eleito). Além disso, entende-se que os verbos ganhar, gastar e pagar, anteriormente utilizados dentro da regra geral dos verbos abundantes, passaram a preferir a forma irregular, mesmo com os auxiliares ter e haver. Assim, utiliza-se pago, ganho e gasto.

Apesar de algumas exceções, na dúvida, vale a pena seguir a regra geral, evitando qualquer inconveniente.

E o verbo chegar? O verbo chegar não é abundante, ele é regular; portanto, seu particípio termina em -ado. Conclusão: "eu tenho chego" não existe.

Elaboração
Patrícia Corazza
Fonte
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo, 6ª edição, Rio de Janeiro: Lexicon, 2013.
SQUARISI, Dad; SALVADOR, Arlete. Escrever Melhor: guia para passar os textos a limpo, 2ª edição, São Paulo: Editora Contexto, 2015.