Dicas de redação

Voltar Sigla com moderação

Sigla é a abreviatura de um nome composto, seja comum ou próprio, geralmente criada com as primeiras letras das palavras que formam o nome. Observe que não há sigla de uma palavra somente. Em outro momento trataremos de símbolos e da abreviatura de um nome simples. 

Faz todo o sentido que a sigla seja apresentada após a primeira ocorrência do nome a que se refere e que depois, no mesmo documento, passe a ser usada sozinha, exatamente pelo motivo de sua criação, facilitar seguidas e frequentes referências a um nome composto. Pondere, em qualquer caso, a real necessidade de empregar ou não uma ou mais siglas, considerando o gênero do texto a ser produzido e seu público-alvo.

Com base nesses pressupostos, seguem algumas dicas. 

  1. Não crie nem apresente sigla que não será usada.
  2. Pense se é mesmo necessário usar sigla para representar nome que ocorrerá poucas vezes no texto.
  3. Nunca escreva várias vezes em um mesmo documento, por exemplo, “Conselho Nacional de Justiça – CNJ”. Na maioria dos casos, o nome por extenso só deve ocorrer uma vez, embora em textos longos, divididos em capítulos ou partes, possa ser retomado, como na conclusão.
  4. Falando em textos longos, como os dos gêneros relatório, manual de instrução, legislação comentada, biografia, entre outros, convém que, ocorrendo em quantidade significativa, as siglas e sua significação constem em uma lista, que servirá de bússola para os leitores.
  5. Não é porque se decidiu criar uma sigla para um nome composto comum que este vai ser grafado com iniciais maiúsculas. Logo “salário mínimo”, e não “Salário Mínimo”, é a referência da sigla SM.
  6. Em alguns gêneros textuais, o nome por extenso pode ser dispensado. Uma notícia de jornal pode citar o MEC apenas com a sigla, por exemplo. Em documento dirigido a público interno, uma sigla largamente utilizada não carece de “explicação”. Circulares de uma diretoria-geral administrativa, para garantir a comunicação, nem sempre precisariam citar por extenso os nomes de suas subdiretorias, como DIE, DS, DTI. (No Tribunal de Justiça catarinense, essas siglas representam respectivamente Diretoria de Infraestrutura, Diretoria de Saúde e Diretoria de Tecnologia da Informação.) 
  7. Não é necessário colocar um “s” depois de uma sigla quando se faz referência a nome composto flexionado no plural (SMs). Geralmente o artigo ou o sentido já sinaliza a pluralidade. Não faz sentido o uso do apóstrofo mais “s” (SM’s), que indica possessivo em inglês. 

Nunca perca de vista que essas dicas são apenas dicas, que a riqueza de usos da linguagem permite em alguns contextos adotarmos soluções diferentes, levando em conta as condições e o propósito da interação verbal. Quer ver um exemplo nesta dica mesmo? Note que um contexto raro como este, em que o MEC foi mencionado simplesmente assim, nunca iria  requerer o nome por extenso.

Elaboração:
Giovanni Secco
Pietro Tabarin Volponi