Dicas financeiras

Voltar Desmistificando riscos

Quando o assunto é investimento, é comum ouvirmos a frase “nunca se deve colocar todos os ovos na mesma cesta”. Mas o que ela significa e por que é tão importante?

Para podermos compreendê-la melhor, é necessário entender um pouco mais sobre RISCO. Segundo o economista Alexandre Assaf Neto, 

O risco de um ativo qualquer, conforme foi amplamente comentado, pode ser mensurado pela variabilidade dos retornos projetados em torno do retorno esperado, ou seja, pelo grau de dispersão dos retornos em relação à média. (ASSAF NETO, 2003, p. 300).

Ou seja, quanto maior a variação dos possíveis retornos em relação ao retorno médio esperado, maior o risco.

Por isso, é possível afirmar que um investimento no Tesouro Direto com taxa de juros pré-fixada, com resgate na data de vencimento do título, é menos arriscado do que um investimento em ações, que pode apresentar grande variabilidade de rentabilidade.

No entanto, é importante destacar que, na maioria das vezes, quando falamos sobre risco de maneira generalizada estamos nos referindo a apenas um tipo: o chamado risco de crédito. Vejamos os tipos de risco que devem ser considerados:

  • Risco de crédito: não receber o que foi investido (falência da instituição, por exemplo);
  • Risco de liquidez: demora para transformar a aplicação em dinheiro ou crédito em conta;
  • Risco cambial: aplicações sujeitas às variações do câmbio;
  • Risco operacional: suspensão ou paralisação temporária das operações negociais (mercado interrompe a sua operação por algumas horas, bolsa de valores, tesouro direto).
  • Risco econômico: também conhecido como risco de mercado. É sistêmico (ou sistemático) e não diversificável. Impacta em todos os ativos da carteira, porém nem todos são igualmente afetados. Inflação, decisões políticas, variações nas taxas de juros, crise externa, entre outros fatores, pode influenciar a rentabilidade.

Mas há alguma forma de o investidor reduzir o risco dos seus investimentos?

Para responder essa pergunta precisamos falar sobre o risco de um ativo financeiro. O risco total de todo ativo é composto da seguinte forma:

RISCO TOTAL = RISCO ECONÔMICO + RISCO FINANCEIRO                                

Vamos entender melhor?

O risco econômico (ou de mercado) está relacionado à conjuntura econômica e por isso é considerado sistêmico, ou seja, não controlável por nós, investidores. Ele influencia a rentabilidade de diversos ativos como um todo, independentemente do tipo de investimento.

Já o risco financeiro, está relacionado especificamente ao investimento escolhido e à empresa responsável pelo ativo. Portanto, pode ser significativamente reduzido pelos investidores por meio da diversificação dos investimentos.

Por exemplo, as carteiras diversificadas costumam conter títulos de renda fixa e de renda variável, os quais são atingidos de maneira diferente diante de uma elevação dos juros da economia; ações de empresas cíclicas (montadoras de veículos, construção civil etc.), de maior risco, costumam compor carteiras com ações de negócios mais estáveis (menos cíclicos) diante das flutuações da conjuntura econômica, como indústrias de alimentos; e assim por diante. (ASSAF NETO, 2003. p. 288)

Em outras palavras, o trecho destaca que comprar somente ações relacionadas a um determinado setor pode expor a carteira a crises com grande impacto em sua rentabilidade. Por outro lado, diversificar os ativos, mesclando renda fixa e renda variável, e manter ações de setores diversos e não relacionados pode reduzir o impacto de crises econômicas na rentabilidade total da carteira. Por isso, “não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta”.

Embora o risco econômico (sistemático) não possa ser eliminado, o risco financeiro pode ser controlado, reduzido e, conforme sua estratégia, praticamente eliminado, a partir de uma carteira diversificada.

A ilustração a seguir demonstra esta relação com base na Teoria de Markowitz, cujos estudos sobre os efeitos da diversificação contribuíram para o aprimoramento do mercado de capitais.

https://dicadehoje7.com/acoes/markowitz-e-a-teoria-moderna-de-portfolios-e-a-fronteira-eficiente

Resta, entretanto, uma pergunta: quanto devo diversificar e em qual investimento aplicar? A resposta vai depender de seu perfil de investidor, de seus objetivos e prazos. E para auxiliá-lo a obter estas respostas, nosso podcast Quais são os seus sonhos? Como começar a investir? e as dicas Investimentos: o que é necessário saber para começar? e Como identificar meu perfil investidor? podem contribuir na construção de uma carteira de investimentos adequada para você!

Achou o conteúdo interessante? Quer saber mais sobre como iniciar seus investimentos? Acesse a página do Programa de Educação Financeira e conte conosco para uma conversa agradável sobre o tema!

Para agendar um atendimento personalizado basta mandar e-mail para educacaofinanceira@tjsc.jus.br solicitando.

E não esqueça: na hora de investir, busque o auxílio de um profissional credenciado!

 

Elaboração:
Kellen Cristina Ruberti
Marcelo Dias e Silva
Equipe do Programa de Educação Financeira
 
 
Referências:
ASSAF NETO, Alexandre, Mercado Financeiro. 5 Ed.. São Paulo: Atlas, 2003.
Rabinovici, Marcelo. Markowitz e a Teoria Moderna de Portfólio e a Fronteira Eficiente. https://dicadehoje7.com/acoes/markowitz-e-a-teoria-moderna-de-portfolios-e-a-fronteira-eficiente. Visitado em 08 de março de 2022.
ATIVA Investimentos. Risco sistemático e não sistemático: entenda as diferenças. https://blog.ativainvestimentos.com.br/risco-sistematico-e-nao-sistematico/. Visitado em 08 de março de 2022.