Aprofundando a coesão textual

Como foi visto em várias dicas anteriores, um bom texto exige um conhecimento satisfatório das regras gramaticais, dos recursos linguísticos, uma minuciosa revisão, sem esquecer da importância do hábito da leitura.

Contudo, além dos itens aqui elencados, há a denominada coesão textual. Assim, não basta apenas expor as ideias, ainda que escritas corretamente, se elas estiverem desordenadas. O texto precisa fazer sentido.

Existe um método para deixar um texto coeso?

Segundo esclarece a prof. Lucília H. do Carmo Garcez, há mecanismos com os quais a coesão textual pode ser construída.

O primeiro deles diz respeito à coesão referencial, que possui relação com a citação de elementos do próprio texto, por antecipação ou no tocante ao que já foi mencionado. Para isso, utiliza-se pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, ou expressões adverbiais que indicam localização (a seguir, acima, abaixo, anteriormente, aqui, onde).

A coesão lexical, por sua vez, cuida da corrente de significados que refletem a unidade temática do texto. Assim, por meio de sinônimos, de expressões equivalentes ou denominações semelhantes, é possível identificar a unicidade do que está sendo abordado.

A coesão por elipse é assim denominada em razão da figura de linguagem – elipse – que nada mais é do que a omissão de elementos facilmente identificáveis. Dessa forma, pronomes, verbos, nomes e até mesmo frases inteiras podem estar implícitas e nem por isso deixam de ser compreendidas.

Há, também, a coesão por substituição, que ocorre quando se substitui verbos, substantivos ou até mesmo períodos inteiros por conectivos ou expressões que resumem ou retomam o que já foi citado.

A importância da coesão textual deve-se ao fato de que é preciso colocar a casa em ordem: além de estabelecer quais as ideias principais e as secundárias, utiliza-se das ferramentas necessárias para evitar a ambiguidade, a confusão e a obscuridade nas referências.

Portanto, reconhecer a importância da coesão no texto é um primeiro grande passo, que trará muitos benefícios no dia a dia jurídico. O advogado conseguirá expor o direito de seu cliente; o julgador, por sua vez, decidirá de forma clara e objetiva, servindo à sociedade com eficiência também no modo com o qual se comunica com o jurisdicionado; o acadêmico colherá bons frutos na exposição de seu artigo ou de seu trabalho de conclusão de curso. No final, todos, no papel de leitores, sairão ganhando.

Fonte:
Garcez, Lucília H. do Carmo. Técnica de redação, 2012, Ed. Martins Fontes, São Paulo.