Crase e expressões de circunstâncias

O acento indicativo de crase gera dúvidas em relação às locuções adverbiais de circunstância - modo, meio, lugar, tempo - formadas pela sequência: preposição a + substantivo ou adjetivo.

O exercício mental para verificação da necessidade da crase relacionada ao modo, pode ser realizado respondendo à pergunta "como?". Por exemplo: "Comprou o carro à vista." - "Comprou como? À vista".

Nas locuções circunstanciais femininas, todavia, embora esse a possa ser só preposição, é tradição acentuá-lo por motivo de clareza. Observe e compare nos exemplos abaixo o significado da frase sem o acento e com ele:

 

  • Favor lavar a mão. - Favor lavar à mão, e não à máquina.
  • Caiu a noite (anoiteceu). - Ele caiu à noite.
  • A loja só venda a vista (o olho). - Venda à vista.
  • Foi caçada a bala (a bala foi caçada). - Foi caçada à bala.
  • Cortei a faca (cortou a própria faca). - Cortei à faca.
  • Pagou a prestação (pagou-a). - Pagou à prestação (em prestações).


Portanto, recomenda-se a acentuação do a nas locuções femininas de circunstância, para que a preposição não seja confundida com o artigo feminino. Nestes casos, não funciona o artifício de ver como é que se comporta uma expressão similar no masculino, pois não haverá correspondência de à com ao. Trata-se de uma exceção, segundo vários gramáticos. Então, por exemplo, mesmo que se escreva a prazo (subst. masc.), escreve-se à vista, com acento.

Vejamos outros exemplos em que a preposição poderia se confundir com o artigo e por isso o acento é de praxe: à evidência, estou à disposição, fique à vontade, encontra-se à paisana, escreve à perfeição, escrever à caneta, cortar à faca, assalto à mão armada, modéstia à parte, às (ou a) expensas, etc.

Importante ressaltar que a crase é facultativa quando não há confusão possível, como em: carro a gasolina, matou o cachorro a bala, guardar o dinheiro a chave, etc.

FONTES: Maria Tereza de Queiroz Piacentini - Diretora do Instituto Euclides da Cunha - www.linguabrasil.com.br

ERSE, Ricardo do Amaral. Português para os concursos de Técnico e Analista. 3ª edição. Bahia: Editora Juspodivm, 2014. p.177.

Elaboração: Divisão de Desenvolvimento de Pessoas/DGP