Emprego de conectivos

A comunicação por meio da escrita exige do interlocutor, no sentido de tornar compreensível a ideia que se pretende transmitir. É um verdadeiro desafio, que demanda cuidado na concatenação das palavras, frases, orações e parágrafos.

A organização do texto também pode ser chamada de coesão textual, seu nome técnico. Durante a construção do texto, qual o modo de alcançar a coesão? Por meio de recursos linguísticos, abundantes no nosso idioma. Tais instrumentos servem para conectar os termos de uma frase, as orações de um período e os parágrafos. Para os textos jurídicos (petições, sentenças, acórdãos), saber qual conectivo se ajusta melhor em cada caso é fundamental. Com base nessa premissa, buscou-se elencar alguns dos conectivos, divididos em razão de sua função linguística.

Os conectivos podem servir para introduzir o assunto ou destacar algum ponto relevante (em primeiro lugar, inicialmente, antes de mais nada, antes de tudo, acima de tudo, para começar, sobretudo, principalmente, primordialmente); para dar sequência e continuidade ao tema (depois, após, logo depois, logo após, na sequência, imediatamente, em seguida, logo que, depois de, assim que, logo, então); para concluir, resumir ou recapitular o conteúdo (por isso, portanto, assim, assim sendo, então, logo, enfim, em conclusão, em síntese, em resumo, em suma, para terminar, desse modo, dessa forma, dessa maneira, destarte, dessarte); para adicionar algum ponto (também, assim como, bem como, como também, como ainda, além disso, ainda, ademais); para afirmar ou reafirmar o tópico (com certeza, certamente, decerto, seguramente, efetivamente, sem dúvida, evidentemente, com efeito); para indicar negação (não, nunca, jamais, de modo algum, em hipótese alguma, tampouco), oposição (mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, só que, embora, pelo contrário, ainda que, mesmo que, apesar de que, ao passo que), causa e consequência (por causa de, por isso, em virtude de, como resultado, por consequência, por conseguinte, haja vista, já que, uma vez que).

Há, também, os conectivos que dão a ideia de tempo (quando, enquanto, sempre que, às vezes, ao tempo que, no momento em que, atualmente, frequentemente, constantemente, ao mesmo tempo, simultaneamente); de dúvida  (talvez, provavelmente, possivelmente, porventura, se é que); e aqueles que indicam finalidade ou propósito (para, para que, a fim de, a fim de que, com o fim de, com finalidade de, com o propósito de, com o intuito de, com o objetivo de, com o fito de).

Vale destacar os conectivos que explicitam ou exemplificam algo (isto é, ou seja, a saber, aliás, como se pode ver, por exemplo, a exemplo de, quer isto dizer, por outras palavras); os que expressam reformulação (ou melhor, quer dizer, por outras palavras, dito de outro modo, em outros termos, mais precisamente); aqueles que servem para comparar itens a respeito do tema tratado (igualmente, tal qual, assim como, bem como, tanto quanto, da mesma forma, do mesmo modo, da mesma maneira, analogamente, similarmente, semelhantemente).

E, por fim, os conectivos que indicam conformidade (consoante, conforme, como, segundo, de acordo com, em conformidade com); condição ou hipótese (se, caso, eventualmente, desde que, contanto que, a menos que, a não ser que, sem que); proporção (à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos); alternância (ou, ou¿ou, ora¿ora, quer¿quer, em alternativa); surpresa (de repente, inesperadamente, subitamente, de súbito); opinião (entende-se, no meu entender, creio que, penso que); atenção (destaca-se, salienta-se, nota-se, constata-se, verifica-se).

Eis um considerável catálogo de conectivos para ser utilizado sempre que for necessário.

E o famoso primeiramente? Está correto ou trata-se de um termo que merece ser descartado do nosso vocabulário?

Falaremos a respeito na próxima dica!

Elaboração
Patrícia Corazza