Como aperfeiçoar a redação?

Sabe-se que um texto depende de uma boa revisão, sempre. Contudo, se quem escreve domina a arte da escrita, a revisão torna-se menos trabalhosa.

Como já foi dito anteriormente, há uma regra universal para todos os que pretendem separar uma parcela do seu tempo escrevendo: a leitura. Sim, a leitura ajuda a desenvolver a organização das ideias, aumenta o vocabulário, e se for um livro bem preparado e revisado, ajudará o cérebro a apreender, de forma implícita, a construção das orações, a ortografia, as regras de regência verbal e nominal, e assim por diante.

No entanto, vale aqui apontar algumas dicas importantes para a hora de escrever, que servem como um método de redação, citadas pelo prof. Eduardo Sabbag, que podem ser muito úteis.

A primeira recomendação diz respeito à prática, ou seja, escreve melhor aquele que mantém a escrita como um hábito. Quando utilizamos modelos de parecer, decisões, petições, é comum que nos sintamos engessados, e se precisamos começar um texto do zero, não é raro surgir uma espécie de bloqueio. Assim, é importante, ainda que os modelos sejam utilizados, até porque a demanda de trabalho é imensa, que alguns parágrafos sejam escritos "do início". Não deixa de ser um verdadeiro exercício de escrita.

Quanto à segunda dica dada pelo professor, referente à técnica, importa dizer que para que se escreva bem é necessário o conhecimento do idioma, as suas regras gramaticais, dominar a conjugação verbal, a ortografia, a acentuação, enfim, tudo o que abarca a estrutura que compõe a língua portuguesa. Erros sempre existirão. Mas quanto menos errarmos, melhor.

Com isso, foram levantadas algumas dificuldades no momento de redigir um texto, as quais merecem nossa atenção. São elas:

  1. A utilização da locução através de, porquanto seu significado é no sentido de ultrapassar um obstáculo, ir de um lado ao outro. Desse modo, não se usa a locução em questão quando o objetivo é indicar o modo como algo foi feito. Trata-se de uma importante dica, tendo em vista que no universo jurídico há vários momentos nos quais pretendemos explicar que o pedido foi feito por meio de uma determinada ação ou ofício, por exemplo. Aqui, importante destacar que existem preposições que indicam relações de meio, como por meio de, por intermédio de, mediante.
  2. Atenção com a utilização da crase. A crase possui inúmeras regras. É preciso observá-las para evitar qualquer erro. Para saber quando utilizar a crase, acesse a dica de outubro/2015.
  3. Evitar o emprego da locução sendo que: apesar do seu emprego disseminado em diversas situações - como conjunção aditiva, adversativa, e até mesmo conclusiva -, o ideal é evitá-la, substituindo-a pelos conectivos corretos.
  4. Observar a acentuação. Por vezes, devido ao descuido ou desconhecimento das regras de acentuação, escrevemos palavras que não levam acento (como melância) ou deixamos de acentuar palavras que levam acento. É importante também atentar para as alterações em razão do acordo ortográfico.
  5. Respeitar a concordância nominal e a concordância verbal, de um modo geral.
  6. Especificamente, quanto ao verbo chegar, observar a necessidade do emprego da preposição a, a qual acompanha o verbo. Assim, deve-se evitar a preposição em. A mesma regra vale quando invertemos os termos da oração: este é o prédio ao qual cheguei e não este é o prédio em que cheguei ou no qual cheguei.
  7. A concordância nominal da palavra meio. Interessante o destaque específico em relação à palavra meio, e sua especificação deve-se ao fato de ele possuir duas funções: pode funcionar como numeral ou como advérbio. No caso do último, ele é invariável.
  8. A concordância nominal da palavra bastante. Da mesma forma, a palavra bastante pode ser empregada como pronome, como adjetivo e como advérbio. Se assumir a função de pronome indefinido, ele concordará com o substantivo; como adjetivo (suficiente) ele também é variável. Porém, na função de advérbio, assim como o item anterior, não há variação.
  9. O professor destaca que é importante a cautela com expressões latinas. Assim, salienta que a sentença deve vir grafada com aspas, e lembra que as palavras latinas não são acentuadas. Portanto, data venia não deve ser acentuada. Aqui, ele explica que a expressão é utilizada como forma polida de manifestar o pensamento. Ocorre que a palavra vênia existe no português, significando licença que, por deferência, pede-se a outrem. Portanto, atenção, não se pode misturar latim com português! 
  10. Por fim, muito cuidado com o emprego de parônimos (palavras parecidas na grafia ou no som, mas que possuem acepções diversas). A lista de exemplos é longa e, por isso mesmo, os parônimos serão abordados na próxima dica.
Elaboração
Patrícia Corazza
Fonte
Sabbag, Eduardo de Moraes.
http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/e-possivel-fazer-a-redacao-perfeita/15504