Dicas de saúde

Voltar Clareamento Dental - O que é? É seguro?

Dentes mais brancos são comumente associados aos conceitos de asseio, saúde, jovialidade e até mesmo sucesso. Para a maioria das pessoas, dentes mais claros, dentro de um limite que não remeta à artificialidade, trazem maior autoestima e bem-estar.

A odontologia moderna possui técnicas e materiais que agem quimicamente na estrutura do dente natural, promovendo efeito clareador. O tratamento, conhecido como clareamento - ou branqueamento, ou clareação - dental, deve ser conduzido pelo cirurgião-dentista e pode ser realizado totalmente em consultório, ou pela técnica caseira supervisionada, onde o cirurgião-dentista confecciona placas sob medida para cada arcada, e o paciente devidamente orientado aplica em casa o gel clareador por algumas horas, durante alguns dias, conforme as instruções profissionais.

Estudos demonstram que as técnicas de clareamento realizadas sob responsabilidade e acompanhamento profissional, quando bem conduzidas, promovem bons resultados, com efeitos colaterais transitórios e na maioria dos casos muito leves. Dentes clareados, em condições normais, não voltam a ter a cor que tinham antes do tratamento.

Mas apesar de estudos demonstrarem que o efeito do clareamento é duradouro, a ânsia por dentes cada vez mais brancos, a constante mudança nas referências estéticas que são lançadas aos nossos olhos, e a falta de informação, levam ao aumento exagerado na frequência e repetição da exposição ao agentes químicos clareadores. Embora seguros para exposição por curto período de tempo, a exposição repetida aos peróxidos pode trazer riscos à saúde.

Os agentes clareadores dentais basicamente são compostos por formas e apresentações variadas de peróxido de hidrogênio, seja na forma de água oxigenada, peróxido de carbamida, peróxido de ureia, perborato de sódio ou outros. Pesquisas mostram que a exposição repetida aos peróxidos pode potencializar o efeito de agentes cancerígenos na mucosa bucal e outras mucosas gastrointestinais.

Considerando que estamos diariamente e inevitavelmente expostos a agentes carcinogênicos em maior ou menor grau, como p. ex., exposição aos raios solares, poluição, agrotóxicos, e os peróxidos presentes nos produtos de higiene e alimentos, além de fatores de risco inerentes a cada indivíduo, como genética, modo de vida, hábitos, etc., a exposição repetida a produtos que podem ser co-carcinógenos, ou seja, promover ou potencializar a ação do agente causador de câncer, deve ser evitada, especialmente se for desnecessária e inócua.

Em resumo:

- O clareamento dental deve ser conduzido pelo profissional odontólogo, de forma controlada e por tempo limitado;

- Em condições normais, dentes clareados não voltam a ser amarelos como antes e não precisam ser clareados repetidamente. Na maioria das vezes, só precisam de remoção de manchas externas ou cálculo, através de limpeza profissional;

- A exposição repetida aos géis clareadores não é isenta de riscos, e estudos demostram que pode potencializar o efeito de outros agentes cancerígenos na mucosa bucal e outras mucosas do aparelho digestivo, devendo ser evitada.
 

ELABORAÇÃO:

Lauro Egídio Bragaglia - Odontólogo/CRO-CD/5.300 - Mestre em Materiais Dentários.
Diretoria de Saúde

REFERÊNCIAS:

CONSOLARO, A., FRANCISCHONE, L. A., CONSOLARO, R. B. O clareador dentário atua como co-carcinógeno na mucosa bucal, inclusive quando em dentifrícios e antissépticos. Fundamentos para orientação de pacientes ortodônticos e como evitar seus efeitos indesejáveis. Dental Press J Orthod, v.16, n.2, p.28-35, Mar-Abr, 2011.

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