Dicas financeiras

Voltar Como investir em renda fixa? - Parte 1

Na dica financeira sobre como construir uma reserva de emergência, trouxemos importantes sugestões sobre onde manter investido este valor, todas no rol de investimentos em renda fixa. Agora, explicaremos o que é a renda fixa e detalharemos os principais produtos deste tipo de investimento, abordando suas principais características, riscos, liquidez e rentabilidade.

Os investimentos em renda fixa estão entre os mais populares, devendo integrar a carteira de qualquer perfil de investidor. Têm como principais características a segurança (baixo risco) e a rentabilidade previsível, facilitando o planejamento para o alcance de determinado objetivo do planejamento do orçamento familiar. Ainda, a maioria deles é garantida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o valor de duzentos e cinquenta mil reais, por CPF ou CNPJ, em cada instituição financeira, o que significa que você receberá o valor investido, dentro deste limite, mesmo no caso de a instituição emissora do título decretar insolvência, ou seja, quebrar. Por estas razões, normalmente são a porta de entrada para quem está começando a investir. 

A escolha de um produto de renda fixa deve considerar os objetivos do investidor, que podem ser muitos: construir a reserva de emergência, comprar um veículo ou um imóvel, viajar, construir patrimônio em longo prazo, melhorar a rentabilidade, dentre outros. E para cada objetivo há uma opção que melhor atende a sua necessidade.

Assim, destacamos os principais produtos que se enquadram nesse contexto: Poupança, CDB (Certificado de Depósito Bancário), Tesouro Direto, LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito Agropecuário), CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), Letra de Câmbio (LC), Letra Hipotecária (LH) e Debêntures. Ainda, é possível investir em fundos de renda fixa que mesclam os produtos mencionados.

Antes de apresentarmos as características de cada um deles, é importante compreendermos sua classificação em relação à rentabilidade:

  • Títulos prefixados: a rentabilidade é definida no momento do investimento, independentemente de indicadores da economia;
  • Títulos pós-fixados: possuem rendimento vinculado exclusivamente a indicadores da economia, como por exemplo: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, ou a Taxa Selic, taxa básica de juros definida pelo Banco Central;
  • Títulos híbridos: mesclam rentabilidade prefixada e pós-fixada.

Nesta dica, detalharemos os seguintes investimentos: a Poupança, o CDB e o Tesouro Direto.

A poupança é o investimento mais tradicional, popular e simples do Brasil. Está facilmente disponível nos principais bancos e instituições financeiras. Trata-se de um título pós-fixado, cuja rentabilidade, para aplicações realizadas a partir de 3 de maio de 2012, corresponde a 70% da Taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR). Como a TR está zerada desde o ano de 2017, e tende a permanecer assim, o rendimento da poupança tem se limitado aos 70% da Taxa Selic. Assim, apesar de sua popularidade, este investimento não tem gerado bom retorno aos investidores. Isso porque, com os baixos patamares atuais da Selic, o rendimento da poupança está abaixo da inflação, não assegurando sequer a manutenção do poder de compra do valor investido.

Os Certificados de Depósito Bancários (CDBs) são títulos de dívida bancária, pelos quais emprestamos valores às instituições financeiras, em troca da remuneração acordada. Existem CDBs pós-fixados (mais comuns), cujo rendimento acompanha o índice escolhido, e prefixados, cujos percentuais de remuneração são fixos, permitindo sabermos exatamente quanto receberemos no vencimento. Normalmente, o rendimento dos pós-fixados é definido por um percentual do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

Uma das vantagens dos CDBs é que oferecem diversas opções de liquidez: da diária até com vencimentos após vários anos. Diferentemente dos títulos do Tesouro Direto, os CDBs só são restituídos ao investidor na data do vencimento, não sendo possível o seu resgate antecipado. De modo geral, quanto menor a liquidez (data de vencimento mais distante), maior deve ser a taxa remuneratória. Isso possibilita uma escolha direcionada, alinhada aos objetivos dos investimentos.

Quanto à rentabilidade, sugere-se investir em CDBs com rentabilidade de, no mínimo, 100% do CDI, pois esta taxa tende a assegurar a atualização do valor monetário de seu capital. Atualmente, é possível encontrar CDBs prefixados com rendimento de 13% ao ano, geralmente com prazos de vencimento superiores a nove anos. Porém, fique atento! Vencimentos de longo prazo aumentam o risco diante da oscilação dos cenários econômicos nacional e internacional. Se optar pelo longo prazo, sugere-se avaliar a escolha de títulos pós-fixados.

A outra modalidade de investimento são os títulos do Tesouro Direto, que se dividem em Tesouro Selic, Tesouro IPCA e Tesouro Prefixado. Na prática, quando adquirimos um título do Tesouro Direto, estamos emprestando dinheiro ao Governo Federal. Embora não sejam garantidos pelo FGC, são investimentos seguros pelo fato de o credor ser a União e pela possibilidade de emissão, pelo Banco Central, de mais moeda para o cumprimento dos compromissos assumidos.

O Tesouro Selic tem seu rendimento atrelado à Taxa Selic, ou seja, é um título pós-fixado com liquidez diária. Já o Tesouro IPCA é híbrido, pois sua rentabilidade varia com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo e é acrescida de um percentual de rendimento prefixado. Isso pode ser considerado uma vantagem pois, em tese, corresponde à preservação do poder de compra do capital investido (correção pelo IPCA) somados a juros reais (taxa prefixada). A outra opção é o Tesouro Prefixado, cuja rentabilidade anual é definida no momento do investimento, permitindo saber exatamente o rendimento na data de resgate.

Os prazos disponíveis são os mais variados, chegando até o ano de 2055. Quanto mais distante o vencimento, maior a rentabilidade oferecida pelo Governo Federal. No entanto, no caso de títulos prefixados, vale a dica mencionada quando falamos dos CDBs: quanto maior o prazo, maior o risco diante da incerteza na economia.

Embora tenham vencimentos definidos, é possível vender títulos do Tesouro Direto a qualquer tempo, com liquidez (dinheiro na conta) no dia seguinte ao do pedido. Mas atenção! É recomendável mantê-los até a data de vencimento. Isso porque, ao optar por receber antes, o investidor pode se deparar com uma rentabilidade abaixo do esperado ou até negativa, já que o retorno contratado só ocorre no dia do vencimento.           

Na próxima dica, seguiremos apresentando características dos demais investimentos de renda fixa. Até mais!

Saiba mais sobre o baixo risco do Tesouro Direto.

Entenda como funciona o Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Elaboração
Leandro Ambros Gallon
Marcelo Dias e Silva
Equipe do Programa de Educação Financeira