Dicas de gestão

Voltar Microgerenciamento: o que é e como evitar

Quem nunca ouviu falar sobre microgerenciamento pode imaginar que é algo positivo. No entanto, trata-se de um dos grandes equívocos que os gestores podem cometer na gestão de suas equipes. 

Esta forma de gerenciar, cuja denominação ainda é pouco conhecida, consiste na prática de acompanhamento minucioso e habitual, por parte dos gestores, de cada ação realizada pelas pessoas da equipe. Esse perfil de gestão adentra no controle sobre as etapas do processo de trabalho, reduzindo a autonomia da equipe, a partir de abordagens com características autocráticas que destacam o poder hierárquico.

Mas como identificar o microgerenciamento? O gestor que microgerencia sua equipe normalmente apresenta muitas destas características: 

  • querer ser copiado em todos os e-mails; 
  • querer acompanhar a evolução detalhada de cada projeto; 
  • ter a palavra final sobre cada pequena decisão; 
  • centralizar o máximo de atividades possíveis; 
  • solicitar relatórios constantes sobre a performance dos processos ou projetos; 
  • saber a todo instante onde o colaborador está;
  • acompanhar tempos de pausas ou intervalos dos colaboradores; dentre outras.

Como consequência da manifestação frequente de todas ou de grande parte destas características, temos a redução da autonomia da equipe, com prejuízos para o desenvolvimento profissional de seus integrantes e limitações para a inovação.
As razões que levam um gestor a adotar esse estilo podem decorrer de questões pessoais como insegurança, dificuldade de confiar nas pessoas, obsessão por detalhes, perfeccionismo, conflitos ou incertezas pessoais, entre outras. Também podem ser fruto de padrões presentes na política ou na cultura organizacional como, por exemplo: excesso de burocracia, instabilidade nos cargos de gestão e cultura de fiscalização e controle.

Independentemente da causa, o microgerenciamento traz desdobramentos negativos para toda a equipe. Por mais que existam boas intenções, microgerenciar tarefas torna o trabalho mais burocrático e exaustivo, afetando diretamente o bem-estar e a produtividade das pessoas. Isto porque, a limitação da liberdade, da iniciativa e da criatividade pode tornar o ambiente estressante, com sensação constante de pressão, o que pode levar à perda de confiança nos potenciais individuais e na liderança do gestor.

Além disso, a falta de foco no resultado e o controle excessivo podem gerar desgaste no próprio gestor por assumir a responsabilidade por todo o processo de trabalho e estar presente em cada detalhe da atuação da equipe. Como resultado, é comum identificarmos gestores com este perfil, “viciados” em trabalho e com uma sobrecarga desnecessária e pouco saudável. 

Como vimos, o microgerenciamento é um dos causadores de desmotivação, estresse e inibição do desenvolvimento de talentos em uma organização. Mas há várias maneiras de contribuir para a redução desta prática na gestão de sua unidade de trabalho. Veja como: 

  • Priorizar atividades gerenciais: em vez de se preocupar com as atividades dos colaboradores, foque nas suas responsabilidades como gestor, dentre elas o desenvolvimento de novos projetos, a análise de indicadores, a orientação da equipe e o alinhamento dos resultados ao planejamento estratégico institucional. 
  • Confiar e delegar: a delegação com confiança permite o desenvolvimento da autonomia e da assertividade das pessoas da equipe.   
  • Identificar as necessidades dos colaboradores: quando não sentir confiança para delegar, identifique os motivos e, junto com o colaborador, busque soluções, que em muitos casos dependem apenas de correta orientação. 
  • Automatizar processos: sempre que possível, troque processos manuais e repetitivos por soluções automatizadas para ampliar o autogerenciamento da equipe. Tente aproveitar ao máximo os recursos tecnológicos que a organização oferece.
  • Dar e receber feedbacks: ouvir as percepções dos colaboradores permite identificar oportunidades de melhoria na sua gestão. Esteja preparado para dar e receber feedbacks verdadeiros que contribuirão para o seu desenvolvimento e o da equipe. 
  • Reconhecer e valorizar: valorize os trabalhos realizados por cada integrante da equipe, destacando suas competências.
  • Desenvolver uma cultura de aprendizado contínuo: incentive o desenvolvimento profissional e pessoal. Estimule o compartilhamento de conhecimento e promova o aprimoramento contínuo de competências.

Apesar de parecer contraditório em relação a tudo o que já falamos nesta dica, o microgerenciamento pode ser necessário e positivo em algumas situações, com, por exemplo, no caso do ingresso de novos colaboradores, onde a orientação e o acompanhamento próximo auxiliam na compreensão das atividades e na sensação de segurança para assumir as novas responsabilidades.

Também é válido quando há alterações significativas ou implantação de novas rotinas ou processos de trabalho, visto que o aprendizado será conjunto até que os procedimentos estejam consolidados, documentados e compreendidos por todos. 
Ainda, é possível justificar o microgerenciamento no apoio a colaboradores com desempenho momentaneamente abaixo do esperado, devendo cessá-lo quando estiverem melhor adaptados às funções atribuídas. 

Limitado a estas exceções, é importante focar em uma gestão mais ampla, que pode ser chamada de macrogerenciamento. Isso não significa estar distante das pessoas da equipe, mas sim confiante na capacidade delas, favorecendo um ambiente saudável e colaborativo, fórmula de sucesso para alcançar bons resultados. 
Até a próxima dica!

Elaboração: 
Alma Serena Barbosa Satto
Bruna Fernandes Alves Cascais
Jeremias José Madeira Júnior
Marcelo Dias e Silva

Referências:
MICROGERENCIAMENTO. Disponível em: <https://www.clicksign.com/blog/microgerenciamento> Acesso em 05 maio 2023.

FUJA DO MICROGERENCIAMENTO: O QUE É E COMO EVITAR NA SUA GESTÃO. Disponível em: <https://www.treasy.com.br/blog/microgerenciamento> Acesso em 05 maio 2023.

GERENCIAMENTO MACRO E O PROCESSO CRIATIVO. Disponível em: <https://www.figoinc.com/index.php/2018/04/03/gerenciamento-macro-e-o-processo-criativo/> Acesso em 08 maio 2023.