Dicas de redação

Voltar Escreva como as lavadeiras de Alagoas

Nas boas-novas de 2024 está a entrada da obra de Graciliano Ramos (1892-1953) em domínio público. O autor de S. Bernardo, Angústia e Vidas Secas deu alguns pitacos sobre o ofício de escrever, como os apresentados no trecho a seguir, que podem ser aproveitados também em textos não literários.

Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer. (Trecho do livro Linhas Tortas)

Inspire-se no cuidadoso trabalho das lavadeiras de Alagoas e procure escrever textos de forma clara, concisa e simples.

Elaboração:
Giovanni Secco
Pietro Tabarin Volponi