Dicas de redação

Voltar Os limites do meu dicionário são os limites do meu mundo

É muito comum pessoas afirmarem que tal palavra ou tal construção “não existe”. E o que leva alguém a dizer que uma palavra que foi falada ou escrita não existe?

Há duas motivações bem gerais para isso. A primeira é que a pessoa quis dizer “não existe nas gramáticas normativas”, “não existe no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”. 

“Não existir”, nesse contexto, implica o quê? Provavelmente que a expressão nunca deveria ser usada. Talvez, que não deveria aparecer na redação de textos que exigem respeito ao que chamam de “norma culta” e “vocabulário oficial” da língua.

A segunda possibilidade é um radicalismo que ignora a realidade, o mundo, a vida, que não cabem nos dicionários, nos livros de gramática e menos ainda nos guias de redação. 

Nesse segundo caso, pode ser rigidez, ignorância, preconceito, falta de lógica. Quando a negação de algo que existe vem do apego a uma ou duas gramáticas tradicionais ou a uma lista fechada de palavras, pode ser difícil até aceitar as suas edições atualizadas. O que estaria por trás da postura de condenar, por exemplo, “soldada”, “presidenta”, “técnica judiciária”, etc., validadas em obras de referência?

A dica de hoje, então, é para quem desconfia de discursos negacionistas sobre usos da língua. Pesquise em várias obras de referência (vocabulários ortográficos, dicionários, gramáticas, etc.). Mesmo se não encontrar uma palavra ou expressão, consulte numa gramática o que se diz sobre processos de formação de palavras.

Elaboração:
Giovanni Secco
Pietro Tabarin Volponi