Voltar Juíza de SC que adotou casal de irmãos faz relato emocionante sobre a experiência

Quando meu marido e eu nos conhecemos, um dos nossos interesses em comum era a adoção. O tempo passou, nos casamos, tivemos dois filhos biológicos e mantivemos o sonho de adotar.

Lembro-me de um dia, conversando sobre o assunto durante o café da manhã, um dos nossos filhos, ainda muito pequeno e ao lado do irmão, perguntou o que era adoção. Explicamos e compartilhamos com os dois o nosso propósito de adotar, o qual foi instantaneamente acolhido pela dupla.

Assim, nos inscrevemos no quadro de interessados em adoção, tendo sido definida uma idade mais ampla, justamente para contemplar a adoção necessária, naquela época chamada de adoção tardia. Alguns anos se passaram e tocou o telefone. Era a notícia de que a nossa filha – ela tinha dois anos e 10 meses – nos aguardava em outra cidade.

Emocionados, fomos ao encontro dela. Ao se aninhar em meu colo, ela disse: "você mamãe, você papai e eu filhinha, né?" Ou seja, dispensando apresentações, ela carinhosamente demonstrou ter nos adotado como pais.

Dois anos depois, o telefone tocou novamente: desta vez era para anunciar que a vida nos contemplava com a possibilidade de adotarmos também o irmão dela, de seis anos. Quando ele chegou, tivemos a certeza de que nossa família, então, estava completa. Aliás, verbalizei esta sensação, emocionada, no nosso primeiro café da manhã juntos, ao perceber que havia no armário exatamente quatro potinhos coloridos para servir cereal.

Acreditamos que o amor que nos une transborda a qualquer vínculo sanguíneo, pois é construído a doze mãos no cotidiano da vida que oportuniza a uns o exercício do papel de pais, e a outros o de filhos e de irmãos, cada qual tecendo as relações familiares ao seu modo, com respeito e afeto mútuo, fontes do maior aprendizado que podemos receber e legar.

Hoje, nossos filhos têm 21, 19, 17 e 16 anos, alguns cursando ensino superior e outros se preparando para isso. Todos, indistintamente, mirando o futuro. Nós também, a exemplo do que fizemos no início, quando este relato ainda era um sonho.

Depoimento da juíza Quitéria Tamanini Vieira Péres, titular da 1ª Vara Cível da comarca de Blumenau

Imagens: Divulgação/Arquivo da Família Péres
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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