Programa Indira realiza rodas de conversa em três comarcas do litoral e norte de SC - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina
Ações ocorreram em Jaraguá do Sul, Tijucas e Itapema, com apoio essencial das equipes locais
Em três dias de escuta qualificada e diálogo aberto, o Programa Indira reuniu 93 mulheres nas comarcas de Jaraguá do Sul, Tijucas e Itapema. Realizadas nos dias 25, 26 e 27 de junho, as rodas de conversa reforçaram o compromisso do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) com a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e familiar no contexto institucional.
Executado pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid) em parceria com o Núcleo de Inteligência e Segurança Institucional (NIS), o Programa Indira tem como missão proteger e apoiar magistradas, servidoras, estagiárias, residentes, terceirizadas, comissionadas e demais colaboradoras da Justiça catarinense que enfrentam situações de violência.
Durante os encontros, realizados em dois turnos — pela manhã com trabalhadoras terceirizadas e, à tarde, com servidoras, magistradas e demais colaboradoras —, a assistente social da Cevid, Rosilene Aparecida da Silva Lima, e a policial civil do NIS, Bruna Mafra Castilho, conduziram as conversas.
O êxito das ações nas três comarcas teve apoio decisivo das equipes locais. Em Jaraguá do Sul, a diretora do foro, juíza Graziela Shizuiho Alchini, o chefe de secretaria do foro, Marlon Rodrigo Polvero, e o servidor César Augusto Oliveira Batista foram fundamentais para a organização e mobilização de 42 participantes.
Para a magistrada, os encontros recentemente promovidos na comarca, mais do que esclarecer e divulgar a política institucional de enfrentamento da violência doméstica e familiar e o protocolo integrado de prevenção e medidas de segurança implantado pelo Programa Indira, representaram um momento especial de diálogo e de reflexão sobre o tema.
“Com muita clareza e sensibilidade, a equipe nos mostrou a importância de olhar para a situação das mulheres com quem convivemos, de ter conhecimento dos mecanismos de proteção disponíveis e de que existe uma estrutura tecnicamente preparada para os encaminhamentos cabíveis dentro da nossa instituição, o que gerou sentimento de valorização e segurança às participantes”, ressaltou a juíza Graziela Shizuiho Alchini.
Já em Itapema, o engajamento da chefe de secretaria do foro, Juliane Márcia Correa Botton, possibilitou o acolhimento de 26 participantes. Em Tijucas, a chefe de secretaria do foro Dulcemara Borneman Correa garantiu o suporte logístico necessário para a participação de 25 mulheres. Destaque também para a assessora jurídica Anna Paula Mandelli Alves, que participou ativamente dos dois períodos e contribuiu de forma expressiva nas discussões. “Fiquei muito feliz em participar e mais ainda pela acolhida. O programa é muito importante, espero que um dia todos percebam o quanto esse programa é fundamental para nós”, compartilhou Anna.
Confira os depoimentos na íntegra:
“Gratidão pela maravilhosa roda de conversa, pois com certeza acalentou e iluminou muitos sentimentos reprimidos. Um dia de troca de experiências, que nos fortaleceu e nos resgatou de nossas fragilidades”, Dulcemara Borneman Correa, chefe de secretaria da comarca de Tijucas.
“Participar da roda de conversa do Programa Indira, assim como dos seminários promovidos, foi (e continua sendo) uma experiência profundamente enriquecedora, não apenas como mulher ou servidora, mas, sobretudo, como sujeito inserido em uma comunidade. A Rosinha e a Bruna são inspirações vivas de alteridade pelo cuidado, escuta e empatia que cultivam em cada encontro. Penso que a forma como uma instituição trata as mulheres é, em essência, um termômetro de seu nível de evolução enquanto organismo social. Portanto, fazer parte de uma instituição que desenvolve e apoia uma iniciativa como esta reforça minha confiança no poder coletivo de transformação. Muitas vezes não nos damos conta de quanto a escuta e o encontro coletivo são fundamentais para que possamos nos fortalecer, transformar-nos e, principalmente, proteger-nos da violência que tantas vezes nos atravessa de maneira silenciosa e invisível. Por isso, a importância de iniciativas como esta. Estou certa de que todas as mulheres que participaram do evento saíram de lá com um senso renovado de propósito, tanto no cuidado consigo mesmas quanto no compromisso de apoiar e inspirar outras mulheres”, Anna Paula Mandelli Alves, assessora jurídica da 1ª Vara Cível da comarca de Tijucas.
“Participar da roda de conversa do Programa Indira me despertou um misto de emoções e sentimentos — do choque de realidade, ao me deparar com dados e relatos de violência contra mulheres inseridas no próprio Poder Judiciário (espaço que, em tese, deveria ser um reduto de proteção e não de vulnerabilidade), até a esperança, ao perceber que essas mulheres estão, de fato, sendo acolhidas. E não apenas por medidas de cunho criminal, mas também por iniciativas de outras searas igualmente fundamentais, como as conhecidas MPUs. Ouvir colegas de trabalho compartilhando suas vivências — com violências que podem ser silenciosas, gritantes, psicológicas ou físicas — e suas dificuldades em reconhecer tais situações em si ou em outras mulheres, foi como acender uma luz de pertencimento. Há um longo caminho pela frente — como também há um imenso trajeto já percorrido, que precisa ser reconhecido. Mas há, sobretudo, a certeza de que não estamos sós. E não estaremos. Obrigada, Bruna e Rosinha, por essa experiência tão potente e transformadora”, Fernanda Arend, assessora jurídica da 1ª Vara Cível da comarca de Tijucas.
“A roda de conversa do Programa Indira nos trouxe informações precisas e valorosas acerca das ações voltadas ao atendimento, prevenção e medidas de segurança em favor das magistradas e das servidoras do PJSC para fortalecer o enfrentamento da violência sofrida pelas mulheres. Compreender que, nos casos de violência, não se está sozinha foi esclarecedor e um tanto acolhedor. Com este programa espera-se que as vítimas se fortaleçam para enfrentar e denunciar os autores”, Juliane Márcia Correa Botton, chefe de secretaria da comarca de Itapema.
“Me surpreendi com a organização e dedicação da Rosinha e Bruna, um trabalho de grande importância para as mulheres do judiciário, que por muitas vezes trabalham com processos deste assunto e vivem situações semelhantes. Não têm coragem para mudar, o medo se instaura, a vergonha se apodera de tudo o que é mais sagrado: a dignidade. Mas com o Programa Indira elas, ou melhor, nós todas poderemos ser abraçadas, cuidadas e protegidas como merecemos. Obrigada”, Márcia Antônia de Saibro de Andrade, TSI da comarca de Itapema.