Voltar Bruna alcançou seu mantra juvenil: "Vou fazer faculdade de História e estagiar no TJ"

Quase todos nós, cedo ou tarde, nos deparamos com acontecimentos que mudam a nossa trajetória e nos impulsionam a descobrir novos caminhos. Bruna Giovana Cândido viveu esta experiência aos 13 anos, numa tarde de 2016, durante visita à exposição sobre a Guerra do Contestado, no Museu do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em Florianópolis.

Não apenas os documentos, fotografias e objetos expostos no Museu lhe fascinaram, mas também o modo como uma mulher de vestido preto, a guia da exposição, contava a história do monge José Maria e seus seguidores.

Pela primeira vez num museu, Bruna sentiu-se transportada para dentro de um livro de história.

–  Eu quero fazer o que ela faz – cochichou Bruna aos colegas de escola, sem que estes lhe dessem ouvidos.

Ela estava acompanhada de professores e outras dezenas de estudantes do Colégio Cruz e Sousa, de São José, onde cursava o último ano do ensino fundamental. A visita ao Tribunal fazia parte de um trabalho interdisciplinar sobre a Guerra de Canudos e suas similaridades com o Contestado.    

–  Quero fazer o que ela faz – repetiu Bruna. – Quero trabalhar aqui.   

–  Fica quieta – irritou-se um dos colegas.

Mas ela não se aquietou. Dos 13 anos aos 21 anos, falava para quem quisesse ouvir:

Vou fazer faculdade de História e vou estagiar no Tribunal de Justiça.

Bruna Giovana Cândido.
 

Os pais achavam graça da determinação da filha, embora respeitassem e estimulassem seus sonhos.

Venho de uma família pobre, meus pais não estudaram, mas sempre me estimularam a estudar, viviam dizendo que eu era muito inteligente, que eu chegaria à Faculdade e que isso poderia mudar a minha vida.

A menina inteligente também contou com a sorte. Na rua onde sua família mora, vive uma protetora de animais, chamada Sônia, que recorria com frequência à mãe de Bruna para ajudá-la tanto na limpeza da casa quanto na lida com os cachorros resgatados das ruas. A protetora conhecia Bruna e admirava sua paixão pelos estudos e pelos livros.  

Sônia decidiu bancar os estudos de Bruna. Então ela saiu da escola pública, foi para uma escola privada e passou a colecionar notas altas, uma atrás da outra. “Adoro estudar, sou curiosa”.

Com a Geração Z, da qual faz parte, tem em comum o jeito de se expressar. Fala baixinho, quase tímido, sem demonstrar grandes emoções. Mas olha para o interlocutor com os olhos de quem sabe o que diz e o que quer.          

–  Um dia vou fazer História e vou trabalhar no TJ – ela disse outra vez naquela tarde de 2016, observando Thais Machado, guia da exposição e estagiária do Museu, a mulher de vestido preto.  E continuou a repetir a frase durante oito anos. O poder da palavra, repetida de forma praticamente mântrica, foi materializada.

Agora, no entanto, a frase mudou e Bruna não esconde a satisfação de praticamente repeti-la, porém no tempo verbal correto:

–  Eu faço História na UDESC e sou estagiária na Divisão de Documentação e Memória do Judiciário, no Tribunal de Justiça de Santa Catarina.     

Imagens: Divulgação/TJSC
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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