Voltar Dia das Mães: magistradas e servidora detalham os desafios da maternidade e carreira

PJSC desenvolve, desde 2020, o programa Mães do Judiciário

Levar o filho à escola, cumprir as metas no trabalho, cuidar da casa, ser companhia do marido, dos filhos, e ainda achar um tempo para cuidar de si mesma. A rotina da mulher, ainda mais após a maternidade, tem muitos compromissos, e não são raras as vezes em que parece uma missão impossível conciliar todos esses papéis. Para celebrar o Dia das Mães, reunimos histórias de duas magistradas e uma servidora que detalham as nuances da conciliação do papel de mãe com a carreira no Poder Judiciário catarinense.

A magistrada Fernanda Sell de Souto Goulart é uma delas. Ela, que assumiu o cargo de desembargadora do TJSC no ano passado, relembra que a maternidade chegou cedo. Aos 19 anos, acadêmica do curso de Direito, descobriu-se grávida. “Eu vivi a experiência de toda a imaturidade junto com a maternidade quando tive a Anna Júlia, que hoje tem 23 anos. Além disso, fui mãe solo durante algum tempo, então ela me acompanhou durante o início da minha carreira. Eu a levava nos congressos, fomos só eu e ela por um tempo”, conta. 

Não à toa, hoje Anna Júlia é advogada. “Eu tinha medo que essa paixão fosse pelo lado "glamourizado" do Direito. Mas, depois que ela começou a trabalhar, foi realizador ver que ela era realmente vocacionada. Então eu fico extremamente orgulhosa de pensar que eu posso ter contribuído para que ela tenha essa paixão pelo Direito, assim como eu”, diz.

Anos mais tarde vieram os outros dois filhos: João Otávio, 12 anos, e Alice, 10 anos. E os desafios de conciliar a maternidade com a vida profissional ficaram maiores. Por isso, o suporte de uma rede de apoio foi e é fundamental. “Eu não conseguiria ser nem um décimo do que eu sou hoje se não tivesse uma grande rede de apoio. Quando eu fui mãe, aos 19 anos, eu estava no meio do curso de Direito e tive apoio dos meus pais, que não permitiram que eu deixasse a faculdade ou desistisse dos meus sonhos. E, agora, tenho esse suporte também do meu marido”, pondera. 

Apoio que também foi essencial para que a juíza Gabriela Sailon de Souza pudesse ser mãe e magistrada. Mãe de dois – Frederico, 13 anos, e Lorena, 10 anos –, ela conta que o auxílio de uma enfermeira e a terapia foram sua rede de apoio. “A gente ouve muito, hoje em dia, que não pode terceirizar a maternidade. Mas não é terceirizar, é ter suporte. É um costume, culturalmente, as mães das mães, as avós maternas ajudarem. Mas eu não tive essa possibilidade, então eu busquei auxílio de enfermeira e fazia terapia, e isso foi muito importante”, lembra.

Para ela, a maternidade veio com planejamento e foi um momento de encantamento. “A maternidade veio para mim depois da magistratura, quando eu já estava casada há sete anos. E, apesar de já ser juíza e, oficialmente, publicamente, exercer um poder, o poder feminino que a maternidade me trouxe foi algo muito encantador”, explica. E vai além: “É um amor que é construído, ele não brota. Então é importante reconhecer o outro como um ser autônomo, com características e identidades que nem sempre são as minhas ou as do pai”, salienta.

Muito além do empoderamento feminino, Gabriela conta que o papel de mãe fez dar mais valor para os momentos de simplicidade vividos com os filhos. “Hoje eu estou aqui, toda arrumada, mas com eles não preciso estar. Então eu vou lá, amarro meu cabelo de qualquer jeito, sabe? Coloco a primeira roupa que vir pela frente. E está tudo certo, a gente é linda mesmo assim”, diz.

Mesma percepção da servidora Clarissa Langer de Andrade, mãe da pequena Laura, 2 anos, e do serelepe Dante, 9 meses. Para ela, a maternidade fez a vida ganhar outra dimensão. “É uma expansão de tudo, né? Tudo é mais. A alegria é maior, até mesmo a dor, o sofrimento. Tudo ganha uma profundidade, uma intensidade muito maior. Então a nossa relação com as pessoas também. O próprio casamento, a relação com os nossos pais, com os nossos irmãos. Tudo muda com a maternidade, tudo ganha”, assinala.

Desde o dia em que decidiu que seria mãe até o nascimento da primeira filha, passaram cinco anos. “Foi uma maternidade muito buscada. Quando ela chegou, toda aquela espera que parecia injustificada fez sentido. Quando ela chegou, foi tão fácil nosso entrosamento, nosso puerpério foi tão gostoso. Eu estava muito pronta esperando por ela”, relata.

E a maternidade ganhou mais leveza com o apoio que encontrou no Poder Judiciário catarinense por meio do programa Mães do Judiciário. “Me surpreendeu muito esse apoio de pessoas interessadas nas nossas questões. Às vezes a gente precisa de uma rede de contatos para saber até os direitos que tem, aonde ir, com quem falar. É uma rede de mães que se ajudam, que trocam informações e que, acima de tudo, se acolhem”, conta.

Assista ao vídeo sobre a matéria no Instagram do TJSC.

Mães do Judiciário

Desde julho de 2020, o Judiciário catarinense desenvolve o programa Mães do Judiciário, dedicado às magistradas e servidoras mães, especialmente àquelas advindas da licença à gestante/adotante, que podem usufruir do acolhimento e integração institucional, com troca de experiências sobre o maternar e o exercício profissional.
O programa foi instituído de modo oficial pela Resolução n. 44, de 1º de dezembro de 2021. Foi regulamentado em junho de 2023 via Resolução GP n. 35/2023, que definiu seus objetivos e diretrizes e instituiu a equipe de trabalho intersetorial, bem como o acompanhamento dos resultados pelo Núcleo Administrativo da Presidência deste Tribunal.

Para conhecer e saber mais detalhes sobre o Mães do Judiciário e outras ações desenvolvidas no PJSC, acesse o portal do Programa de Qualidade de Vida no PJSC - Programa Você em Foco. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail dgp.maesdojudiciariopjsc@tjsc.jus.br.

Conteúdo: NCI/Assessoria de Imprensa
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