Voltar Dia do Assistente Social: profissionais compartilham vivências e desafios do dia a dia forense

No PJSC, 188 assistentes sociais atuam em demandas das 112 comarcas do Estado

Comemorado nesta quarta-feira (15/5), o Dia do Assistente Social celebra os profissionais de olhar atento, responsáveis por transformar realidades, viabilizar acesso e garantir direitos fundamentais. No Poder Judiciário de Santa Catarina (PJSC), 188 assistentes sociais atuam em demandas das 112 comarcas do Estado, desenvolvendo trabalho técnico de perícia e estudos sociais no dia a dia e enfrentando os mais diversos desafios da profissão que busca por justiça social. Conheça a história de profissionais que atuam no cotidiano da Justiça catarinense:

A assistente social do PJSC Denise Cechinel da Silva, de 42 anos, compartilha que sempre teve a capacidade de enxergar o outro e, com isso, se sensibilizar diante das adversidades enfrentadas por aqueles que vivem à margem da sociedade. Foi essa empatia, acompanhada de uma grande inquietação e busca por justiça social, que a fez escolher a profissão e que a impulsiona diariamente para fazer a diferença na vida das pessoas com seu trabalho. Lotada na comarca de Ascurra, Denise entrou no PJSC em 2023, mas atua há 16 anos na área da assistência social.

“O serviço social pode ser uma área muitas vezes frustrante e exaustiva, pois nossas intervenções têm o limite ético de não interferir no livre-arbítrio daqueles a quem atendemos, e isso geralmente é desanimador. Mas, quando nossa atuação transforma uma realidade desfavorável em uma possibilidade de emancipação, é simplesmente maravilhoso!”, ressalta, ao lembrar uma sentença proferida na véspera de Natal que levou à reunião de uma mãe e seus filhos após 10 anos de lutas judiciais pela guarda. “Tive a oportunidade de realizar o estudo social, com parecer favorável à guarda materna. Foi muito especial poder acompanhar a comemoração da família e o retorno deles ao convívio familiar”, conta.

Denise observa que o assistente social enfrenta muitos desafios, entre eles o de lidar diariamente com as expressões, cada vez mais complexas, da questão social, que atingem essencialmente os segmentos sociais mais vulneráveis. “Especialmente no Poder Judiciário, que lida com o direito, algo que não é estanque e está em constante evolução, é imprescindível ao profissional a busca por novos conhecimentos e aperfeiçoamento, pois somos corresponsáveis pelo destino das pessoas envolvidas em um litígio”, finaliza.

A vida profissional permitiu às assistentes sociais Carmem Lúcia da Silva, de 50 anos, e Cristiane Claudino, 56 anos, muitos reencontros. Elas atuaram como professoras na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em órgãos de defesa de direitos de crianças e adolescentes, no Conselho Regional de Serviço Social e, a partir de 2013, no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), lotadas nas varas da família da Capital.

“Nossos laços de admiração e afeto – que, como diria bell hooks, são atos da vontade, tanto uma intenção como uma ação – somaram-se ao posicionamento crítico da profissão e enfrentamos juntas os desafios impostos ao serviço social. Profissão linda essa nossa, regulamentada pela Lei 8.662/93, com um código de ética fiel à defesa intransigente dos direitos humanos, da justiça, da equidade, da liberdade e da radicalização da democracia”, avalia Cristiane.

Carmem Lúcia observa que pensar no serviço social é ter ciência de que a intervenção desses profissionais está diretamente ligada à realidade social, que não é estagnada mas, sim, dinâmica. “Esta dinamicidade nos convoca como assistentes sociais a estudar sempre, qualificar nossa práxis na perspectiva da população que atendemos. Assim, o serviço social do Judiciário é tão importante porque no miúdo do cotidiano deve responder às demandas apresentadas por meio de ações judiciais, que representam as dores e necessidades de quem aciona a Justiça em busca da garantia de seus direitos”, finaliza.

A dupla destaca que no dia de hoje é fundante resgatar que foi num terreno marcado por movimentos e embates pela radicalização da democracia, mesclado pela luta dos trabalhadores e das trabalhadoras que impulsionaram a crise da ditadura, que o serviço social não se manteve calado, exteriorizou seu posicionamento apresentando seu Projeto Ético Político Profissional e assumindo definitivamente sua vertente defensora de direitos. Para festejar o dia e honrar a profissão, elas convidam a categoria a reforçar e abordar a temática eleita pelo conjunto CFESS/CRESS como mote comemorativo deste 15 de maio: “Nossa Liberdade é Anticapacitista!”, inspirado na célebre frase de uma mulher com deficiência e importante intelectual marxista, Rosa Luxemburgo: “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres!”.

O serviço social entrou na vida de Sandra Regina Ribeiro Cruz, 52 anos, de forma despretensiosa. Ao escolher o curso de graduação na Universidade do Contestado, campus de Caçador, ela não sabia exatamente o que esperar, mas seguiu a dica de uma amiga, foi arrebatada pela profissão e desde 1999 atua no PJSC. Lotada na comarca de Lebon Régis, ela conta que ao longo dos anos teve a oportunidade de conhecer os espaços ocupacionais do serviço social em várias regiões do Estado, conviver com outras colegas e, principalmente, conhecer outras realidades. 

Na opinião de Sandra, o profissional de serviço social, especialmente o atuante no âmbito jurídico, requer conhecimento e aprimoramento contínuo, principalmente na área dos direitos humanos, que lhe sirvam de embasamento no fazer profissional, nas múltiplas situações de conflito que surgem diariamente. A assistente social destaca que a área da infância e juventude, especialmente a adoção, é o espaço de atuação que mais a gratifica. “Apesar de a adoção ser o desfecho de uma situação complexa, que requer a entrega ou, em último caso, a retirada da família biológica, o acompanhamento da formação desses novos laços, principalmente receber depois de tempos fotos, vídeos e em alguns casos visitas de agradecimento,  um ‘muito obrigado’ ou 'eu tive sorte de ter você em minha vida’, nos dá um sentimento de dever cumprido como profissional e ser humano”, compartilha.

Para a servidora do PJSC, a riqueza desta profissão está na práxis. As demandas, as dificuldades, a realidade da população e as desigualdades sociais lançam desafios contínuos ao exercício do trabalho cotidiano do assistente social. “Prazos, laudos complexos, atendimentos de demandas emergenciais, de difícil encaminhamento imediato, visitas domiciliares em locais de difícil acesso, o contato direto com a negligência, a fome, a desnutrição, a violência, a dor, o abandono - essa é a rotina que envolve todos os profissionais de serviço social que atuam no Judiciário. A demanda é a mesma, o que muda é a singularidade de cada pessoa e a percepção de sua adversidade”, pontua, ao citar que os profissionais precisam ter conhecimento e atualização contínua da realidade institucional e da rede socioassistencial de cada comarca ou região, para que consigam atuar com criatividade como facilitadores do acesso aos direitos sociais pela população.

Conteúdo: NCI/Assessoria de Imprensa
Atendimento à Imprensa

Copiar o link desta notícia.