Emoção e homenagens marcam o último dia de trabalho do desembargador Trisotto no TJ - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina

A sessão da 2ª Câmara Civil, realizada na tarde desta quinta-feira (7/2), foi precedida de homenagens ao desembargador Newton Trisotto, que cumpriu seu último dia de trabalho no Poder Judiciário catarinense. Reconhecido pela conduta ética, pelo rigoroso senso de justiça e pelo profundo conhecimento jurídico, ele se aposenta depois de 42 anos dedicados à magistratura. Colegas, juízes, procuradores, advogados e servidores lotaram a sala 101 para prestar mais uma deferência ao magistrado.

 

O desembargador João Batista Ulysséa, colega de Trisotto na 2ª Câmara Civil, foi o primeiro a falar e enalteceu a independência, a transparência e a integridade com que ele agiu nestas quatro décadas. "Aprecia cada um dos processos com o interesse e a curiosidade de um jovem inquieto, na busca constante de uma posição correta e justa", pontuou.

 

Já o desembargador Ricardo Roesler, presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), lembrou o dia em que foi recebido pelo homenageado em seu gabinete. Era 1987 e Roesler exercia a função de juiz substituto. "Naquele mesmo dia, Trisotto cedeu a chave do gabinete e colocou à minha disposição todas as obras jurídicas de sua biblioteca. Hoje, aqui, além de agradecer, venho trazer o abraço de todos os juízes da Justiça Eleitoral", disse.

 

Colega do homenageado por dois anos numa das câmaras do TJ, o desembargador Jorge Luís Costa Beber afirmou que o devotamento à profissão exercido por Trisotto não conheceu atalhos nem evasivas. "Com coragem e cordialidade, ele tem o dom de equilibrar com perfeição a figura circunspecta do magistrado com o humor alegre dos felizes". Por sua vez, o desembargador Gerson Cherem II revelou a dica cotidiana que transmitia aos alunos: "Se quiserem fazer uma pesquisa bem feita, aprofundada, comecem pelos acórdãos do desembargador Newton Trisotto".

 

Na sequência, quem pediu a palavra foi o ex-presidente da OAB/SC Paulo Brincas. Ele disse que para a classe dos advogados o homenageado "é um exemplo de perfeccionismo, determinação e força de vontade para fazer as coisas certas". O procurador Onofre José Carvalho Agostini, em nome do Ministério Público, disse admirar profundamente a postura profissional e pessoal do magistrado que hoje se aposenta.

 

No final, visivelmente emocionado, Trisotto agradeceu aos colegas e amigos e disse que a sua principal motivação, seu principal desafio ao longo destes anos foi permanecer indignado diante das injustiças. Com voz embargada, revelou que no primeiro dia da carreira, há 42 anos, indo assumir o cargo de juiz, parou o carro e prometeu para si mesmo: "Farei de tudo para não decepcionar ninguém". Foi aplaudido de pé.

 

Trajetória

 

O desembargador Newton Trisotto nasceu em 1948, em Ituporanga. Formou-se em Direito na Fundação Regional de Blumenau em 1972 e ingressou na magistratura quatro anos depois. Em 1994, foi nomeado juiz substituto de 2º grau; assumiu como desembargador em 1997.

 

Exerceu o cargo de corregedor-geral da Justiça do Estado e o cargo de juiz substituto do TRE-SC, onde foi vice-presidente, corregedor e presidente. Integrou a 1ª e 2ª Câmaras de Direito Público no TJ. Lecionou na Faculdade de Direito de Joinville, na Escola do Ministério Público e na Escola da Magistratura, da qual foi vice-diretor.

 

Em 2014 e 2015, como ministro convocado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), atuou na 5ª Turma, com competência em matéria penal, onde teve destacado protagonismo em casos de grande repercussão, entre eles os processos derivados da Operação Lava Jato.