Voltar Justiça pela Paz em Casa encerra com palestras e divulgação dos números da campanha
A Semana Justiça pela Paz em Casa superou as expectativas dos organizadores. Até o momento, foram incluídas na campanha 942 ações, 600 audiências, oito júris, 73 apelações criminais, 231 medidas protetivas e 28 sentenças. O balanço parcial aponta ainda que foram realizadas ações sobre o tema em 20 comarcas do Estado, além de ampla divulgação da campanha pela imprensa para reforçar a conscientização sobre a temática da violência doméstica.
 
Os dados foram apresentados pela desembargadora Salete Silva Sommariva, que comanda a Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), durante a abertura do evento de encerramento da campanha, realizado na tarde desta quinta-feira (23) no auditório do Pleno do TJ. A magistrada citou que houve avanços, entre eles a edição da Lei Maria da Penha. "Felizmente, criou-se uma consciência social de que essa cultura machista precisa ser mudada. O trabalho da mídia , o fim da omissão da sociedade, a criação de uma rede de proteção mostraram que as mulheres não estão sós", sublinhou, acrescentando que é preciso apostar na educação para reverter o quadro de violência contra a mulher.
 
O presidente do TJ, desembargador Rodrigo Collaço, destacou na abertura do encontro a importância desse tipo de mobilização no combate à violência contra a mulher. "A repetição dessas campanhas tem propiciado um debate público e serve muito para uma conscientização entre homens e mulheres de que é preciso combater esse grave problema que nossa sociedade machista, muitas vezes agressiva, tem em relação à mulher", frisou.
 
A primeira palestra foi ministrada pela juíza Ana Luísa Schmidt Ramos, com o tema "Violência psicológica contra a mulher". "É um tipo de violência de que a gente não fala tanto, embora ocorra com muita frequência. A gente sempre lembra a violência física, por ser mais visível. Eu trabalhei por cinco anos no Juizado de Violência Doméstica da Capital e nunca vi nesse período nenhum processo sobre violência psicológica, embora isso esteja previsto na Lei Maria da Penha", comentou.
 
Logo após, foi apresentado o projeto-piloto "Entrevista investigativa adaptada ao depoimento especial", elaborado pelo psicólogo e servidor Ricardo Luiz de Bom Maria. Ele ressaltou que as entrevistas precisam ser melhor conduzidas pelos profissionais responsáveis por ouvir as vítimas de violência doméstica. "Entrevistas mal conduzidas são instrumentos poderosos para violentar novamente a criança e produzir informações distorcidas, que poderão provocar encaminhamentos inadequados em relação à vítima e sua família, além de afetar a qualidade e quantidade das informações obtidas", sublinhou.
 
Em seguida, a psicóloga Ana Laura Tridapalli exibiu uma pesquisa sobre homicídios conjugais na Grande Florianópolis. O levantamento mostrou que, de 2000 a 2010, foram registrados 51 casos do gênero na região, e na maioria deles já havia histórico de violência conjugal ou ameaças. "Não são números exatamente alarmantes, mas precisam ser observados com atenção", pontuou.
 
A psicóloga Fernanda Fontoura Medeiros fez a última palestra do dia, intitulada "O resgate do poder feminino". Vítima de violência doméstica por dois anos, ela fez um breve resgate de sua história de vida e de sua dificuldade para denunciar as agressões que sofreu do ex-marido. "Foi a vergonha que me impediu de falar antes sobre esse assunto", ressaltou. O evento contou ainda com a apresentação do coral "Vozes do Arvoredo" e com o lançamento do II Concurso Cultural "Dê um basta na violência". Entre as autoridades que prestigiaram o encontro estavam o corregedor-geral da Justiça, desembargador Henry Petry Junior, e a presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), juíza Jussara Schittler dos Santos Wandscheer. 
 
Imagens: Assessoria de Imprensa TJSC
Conteúdo: Américo Wisbeck, Ângelo Medeiros, Daniela Pacheco Costa e Fabrício Severino
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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