No Dia do Assistente Social, profissionais do TJSC relatam seus desafios cotidianos  - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina

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Voltar No Dia do Assistente Social, profissionais do TJSC relatam seus desafios cotidianos 

Tribunal é o único do país com assistentes sociais em todas as comarcas do Estado 

14 Maio 2025 | 16h47min
  • Homenagem

Nesta quinta-feira, dia 15 de maio, celebra-se o Dia do Assistente Social, uma data que destaca a importância desses profissionais na promoção dos direitos humanos e na construção de uma sociedade mais justa. No âmbito do Poder Judiciário de Santa Catarina (PJSC), os assistentes sociais desempenham um papel fundamental ao oferecer suporte técnico em processos que envolvem questões sociais complexas, como adoções, violência doméstica e conflitos familiares. 

Atualmente, o Judiciário catarinense conta 191 desses profissionais. A partir do dia 19 um novo servidor integrará o quadro, e assim o TJSC será o único tribunal do país a contar com assistentes sociais em todas as comarcas para ter uma Justiça mais humanizada e atenta às complexidades sociais que permeiam os processos judiciais. 

Alguns desses profissionais compartilham suas experiências e refletem sobre os desafios da profissão e a importância do trabalho para a efetivação de direitos e a promoção da cidadania no âmbito judicial. Acompanhe abaixo o vídeo e os demais depoimentos de assistentes sociais que integram ou já integraram os quadros do PJSC.

Experiência conquistada na carreira

 

Fazendo a diferença

Aos seis anos de idade, uma linda menina foi colocada para adoção em Lages, na antiga entidade “Fucabem”. Assim, ela e os três irmãos foram separados. Tudo em virtude da violência doméstica que o pai praticava contra a mãe. Entre idas e vindas, passou por sete famílias e retornou sete vezes para o acolhimento. Saiu do abrigo aos 14 anos para trabalhar em casa de família. A expectativa de viver em uma unidade familiar, com amor e cuidado, se concretizou quando, adulta, teve seus filhos — um homem e uma mulher — e, depois, duas netas. Ainda criança, assumiu o ideal de trabalhar no Poder Judiciário para evitar situações como a que viveu. E assim foi!


 

Iolete de Jesus se graduou em Serviço Social em 1996, e três anos depois passou no concurso para assistente social no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Foi lotada na comarca de Palmitos, onde atua até hoje. Ainda se especializou em Educação e Cidadania e, atualmente, sua maior dedicação está no programa Novos Caminhos. “Atinjo meu objetivo de vida todos os dias! Meu propósito sempre foi fazer a diferença na vida das pessoas. E sei que obtive êxito quando um ex-acolhido volta para agradecer e dizer que está bem, trabalhando e com família… Ou quando uma mulher vítima de violência vem contar que conseguiu sair do relacionamento abusivo, por exemplo.” 

Até por sua história pessoal, Iolete prioriza o bem-estar da criança e de familiares, considerando os laços afetivos que possuem, deixando de lado a busca pela “família propaganda de margarina”. Para o futuro, a esperança está justamente no Poder Judiciário. “Acredito que o Judiciário e a rede de apoio às crianças possam evoluir para alterar alguns posicionamentos e decisões. Mas ainda vejo muita dificuldade na operacionalização e execução dos direitos, principalmente por conta das atuais políticas públicas e da cultura da sociedade em que vivemos.”

A jornada madura e inspiradora no TJSC

A trajetória da servidora do TJSC Leonir Martins Pereira, 55 anos, no Serviço Social é marcada por perseverança, determinação e senso de responsabilidade. Embora o interesse pela profissão tenha surgido ainda na juventude, foi apenas aos 48 anos que ela conseguiu, de fato, exercer o ofício para o qual sempre se sentiu destinada. E o dia chegou. “Tarde, mas chegou”, resume, ao contar que, além do interesse de atuar na área, também ansiava trabalhar em uma grande instituição — o que se concretizou com sua entrada no PJSC em 2014 e em 2017 como assistente social. Desde então, Leonir atua principalmente na área da família, embora seu trabalho se estenda por diferentes áreas e demandas sociais. Lotada na comarca de Blumenau, no Vale do Itajaí, ela explica que o principal instrumento do seu ofício é o estudo social, elaborado com base em entrevistas, visitas técnicas domiciliares e uma criteriosa análise processual e bibliográfica. “Cada caso é único, não existe padrão. Mesmo que o tema seja parecido, as histórias são sempre diferentes”, explana.


 

Um dos maiores desafios que Leonir aponta em sua rotina é atuar entre as demandas do cidadão — muitas vezes em situação de vulnerabilidade social — e um sistema de justiça historicamente marcado pelo controle e coerção. “A pessoa está judicializando uma situação da vida dela, está expondo sua intimidade para que um terceiro decida. E esse terceiro é o Judiciário. Nosso trabalho é intervir, protegendo os direitos do cidadão dentro desse contexto”, explica. Ela destaca ainda o cuidado necessário com as pessoas atendidas, especialmente em ambientes que intimidam. “Muitos já chegam chamando a gente de ‘doutora’, com receio de falar. Nosso papel é criar esse espaço de escuta, atenção e imparcialidade”, afirma. 

Vice-presidente da Associação Catarinense de Assistentes Sociais do Poder Judiciário (ACASPJ), Leonir tem se envolvido ativamente na defesa da valorização da categoria, cuja atuação, segundo ela, ainda é pouco reconhecida. “A maioria da nossa categoria é composta por mulheres. Ainda somos vistas como cuidadoras, como mães, quando, na verdade, nosso trabalho é técnico, crítico, científico.” Para quem está começando na profissão, ela deixa um conselho direto: “Estudo e atualização constantes. A sociedade muda, as leis mudam e a gente precisa acompanhar para prestar um serviço de qualidade.” Dentro dos limites de sua atuação profissional, Leonir busca dar sua contribuição social numa sociedade desigual e injusta — especialmente nos tempos atuais. Uma atuação que ela abraçou com dedicação e responsabilidade, mesmo que o caminho até ela tenha sido longo.

Compromisso e vocação

Lilian Hack Hellt é assistente social há 18 anos. Antes de ingressar no Judiciário catarinense, em 2011, teve experiências nas Secretarias de Assistência Social do município de Lages e do Governo de Santa Catarina. Ela escolheu a profissão ainda na adolescência, ao ouvir uma mulher se identificar, em uma loja, como assistente social do fórum. Isso aconteceu em Capinzal, terra natal de Lilian. “Está aí, quero ser assistente social e trabalhar no fórum”, conta. E não foi um devaneio comum da idade: Lilian tinha aptidão, e os testes vocacionais confirmaram. Certa do que queria, ingressou na faculdade aos 17 anos. 


 

Mesmo com pouco tempo para estudar, incentivada pela mãe, participou do concurso do TJSC, foi aprovada e assumiu vaga na comarca de Correia Pinto, onde atuou por 11 anos. Há três anos está na comarca de Lages, exclusivamente na Vara da Infância, Juventude e Idosos. “O dia a dia do trabalho em uma vara única é diferente do de uma comarca maior — e em ambas as realidades há muito de interessante. Numa você atua em todas as áreas; na outra, se especializa”, explica Lilian. A atuação profissional é dinâmica. “Existe sempre uma troca de ideias e experiências, porque cada caso tem sua especificidade. Colegas com 40 anos de profissão ainda se surpreendem com determinadas situações que surgem.” A constante atualização, especialmente no que diz respeito à legislação, é essencial no setor — como no caso da Lei da Adoção, considerada por Lilian uma grande conquista, assim como o ECA. 

Lilian também acompanha de perto a evolução da política pública de assistência social. É a esse conjunto de medidas e diretrizes que ela se refere ao tratar dos desafios futuros da profissão. “O que sempre discutimos entre os colegas é a articulação da categoria na defesa da profissão e contra a precarização das políticas públicas”, pontua. Além disso, ela ressalta a importância de fortalecer a formação profissional por meio da ampliação do referencial teórico e técnico, para que os direitos sociais sejam preservados e efetivados. Neste Dia do Assistente Social, Lilian celebra a autonomia no exercício da profissão e o respeito pelo trabalho desenvolvido na Justiça. “De modo geral, entendo que devemos comemorar a importância da nossa atuação na defesa dos direitos sociais e na garantia do acesso às políticas públicas”, finaliza. 

Imagens: Divulgação/TJSC
Conteúdo: NCI/Assessoria de Imprensa

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