Voltar Ponte Serrada aposta na mediação escolar para disseminar a cultura da paz nos colégios

Disseminar a cultura da paz nas escolas para orientar corpo docente, discente e familiares no sentido de buscarem a resolução de seus conflitos a partir do diálogo, via de regra com a intermediação de uma terceira pessoa, especialista nas práticas de conciliação e mediação. Esta  foi a alternativa encontrada por autoridades da comarca de Ponte Serrada, no oeste do Estado, para fazer frente de forma preventiva aos atos violentos que passaram a ser registrados em unidades de ensino em todo o país e, também, em Santa Catarina.

A gênese do projeto surgiu em meados de 2019, ainda antes da pandemia de Covid-19, quando a então oficial da infância e juventude, Edna Cristina Fanfa Galvan, e a promotora da comarca de Ponte Serrada, à época, Roberta Seitenfuss, buscavam uma ação preventiva ao alto número de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, 41 - a maioria por envolvimento em violência escolar. Um índice bastante expressivo para uma população pouco superior a 18 mil pessoas, abrangidas na regional do município-sede, Passos Maia e Vargeão.

Roda de crianças.
 

As duas profissionais conversavam na copa do fórum quando chegou a secretária do Juizado Especial – também conciliadora e mediadora –, Debora Catarina Bernardi, e falou sobre as abordagens de mediação escolar em que os envolvidos nos conflitos conversam sob orientação de uma terceira pessoa, e são incentivados a buscar a cultura de paz na escola e a resolução de seus conflitos através do diálogo. E foi assim que a palestra buscada pelas diretorias das escolas sobre Estatuto da Criança e do Adolescente ganhou reforço. E de boca em boca, hoje, toda a comarca é atendida e o número de ouvintes beneficiados já passa de mil.

A conversa acontece com alunos, professores, direção e pais. Todos são convidados. A servidora Edna, atualmente oficial de justiça, explica o ECA e toda a parte legislativa, como o que é considerado ato de conflito com a lei e suas consequências. Na sequência, Debora explana sobre a mediação escolar e propõe a adesão ao projeto. A equipe ainda é composta pela assistente social da Prefeitura de Ponte Serrada, Laísa Mendes, cedida ao Poder Judiciário para realização de mediações familiares na comarca. As palestras nas escolas são realizadas de maneira voluntária, no contra turno do expediente no fórum.

“A ideia é formar e capacitar um grupo de professores e alunos para que eles próprios possam mediar diálogos entre envolvidos em pequenos conflitos no ambiente escolar. E, assim, evitar que problemas - como brincadeiras mal interpretadas, bulliyng, agressões aos professores e danos ao patrimônio da escola - se tornem casos judiciais”, explica Debora.

Palestra em sala de aula infantil.
 

Seja nas redes de apoio, redes de proteção a crianças e adolescentes, encontro de professores, nas escolas municipais, estaduais ou isoladas, como são chamadas pela localização a 40 quilômetros de chão batido da área urbana, de maneira unânime, a ação aparece como uma luz no fim do túnel.

O projeto prevê fase de estudo, levantamento de dados, além de capacitação de direção, professores e alunos. Todo o trabalho está organizado para ser implementado em um ano, com acompanhamento profissional. Para funcionar, é necessária equipe de um professor e dois alunos por turno escolar.

“Pelas vivências que temos diariamente no fórum, concluímos que é preciso educar para mudar o pensamento da comunidade acerca dos conflitos. É isso que buscamos: demonstrar que os problemas podem ser solucionados com comunicação não violenta e que os envolvidos podem resolver suas demandas sem judicializar as questões privadas. Queremos tentar evitar as condutas impróprias dos adolescentes e torna-los multiplicadores dessas boas práticas nas comunidades em que vivem, visando um mundo melhor para eles mesmos”, idealiza a servidora. 

Imagens: Divulgação/Comarca de Ponte Serrada
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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