Projeto do TJSC em parceria com Conselho dos Povos Indígenas repercute nacionalmente - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina
19 Setembro 2023 | 10h09min
“Quando eu era pequena, minha mãe sofria violência doméstica, mas eu não sabia se aquilo era realmente violência, se era certo ou errado, se existia alguma lei para protegê-la; agora eu sei”, diz a professora indígena Miriam Gonçalves. “E hoje repasso este conhecimento para as minhas filhas.”
Além da rede de apoio de que sua mãe não dispunha, Miriam e centenas de outras mulheres indígenas que vivem em Santa Catarina têm à disposição a Lei Maria da Penha traduzida para as línguas guarani, kaingang e xokleng.
A professora foi uma das entrevistadas da matéria do Jornal Hoje, da TV Globo, em edição exibida na sexta-feira (15), na qual se contaram os detalhes da iniciativa, concebida pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica (Cevid), do TJSC, em parceria com o Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPIn).
A juíza Naiara Brancher, integrante da Cevid e também uma das entrevistadas da matéria, explicou que “o objetivo é promover o acesso dos povos indígenas a informações sobre o direito das mulheres de viver em ambientes sem violência”.
Para Ingrid Sateré Mawê, integrante da Articulação das Mulheres Indígenas, uma das primeiras informações que a cartilha traz e que pode ser uma novidade para muitas mulheres, sejam elas indígenas ou não, “é que a violência não se limita às agressões físicas; ela pode ser psicológica, moral, sexual e patrimonial”.
O projeto das cartilhas começou, em Santa Catarina, quando o TJSC firmou termo de cooperação técnica com o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, que já tinha desenvolvido projeto semelhante.
A partir daí, a equipe da Cevid iniciou o diálogo com as lideranças, intermediado pelo CEPin/SC, importante parceiro na articulação com os povos para a tradução da cartilha. Na sequência, foram promovidas rodas de conversas com todas as etnias presentes em Santa Catarina, onde vivem aproximadamente 14 mil indígenas dos povos guarani, xokleng e kaingang. São 57 aldeias e três mil famílias distribuídas em 20 municípios.
“Com esta ampla repercussão na mídia estadual e nacional, o projeto das cartilhas pode inspirar projetos semelhantes em outros Estados, assim milhares de mulheres estarão mais bem informadas e, portanto, mais protegidas”, conclui a juíza Naiara.
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)