Voltar Silêncio e tranquilidade da noite criam atmosfera propícia para visita ao Museu do TJ

O atendimento noturno no Museu do Judiciário, implementado a partir de junho deste ano, tem permitido a servidores e estagiários lotados no setor inovar também na forma de apresentação e exposição.

O silêncio e a tranquilidade que vigoram à noite tornaram possível, por exemplo, que o historiador Adelson André Brüggemann, chefe da Divisão de Documentação e Memória do Judiciário, pudesse ministrar uma aula de cerca de meia hora sobre as revoltas e conflitos armados ocorridos entre 1835 e 1930 no Estado.

Adelson listou todas em um quadro-negro, acrescidas de detalhes sobre causas, características, duração e consequências de cada uma delas. Isso aconteceu nesta semana, na última terça-feira (2/07), durante visita de um grupo de alunos do Pré-Vestibular Comunitário do Sul da Ilha, que teve início às 19h15min.

O tema da exposição em curso atualmente no Museu é a Revolução Federalista. Brüggemann traçou no quadro-negro um arco em que mostrou que Santa Catarina registrou, em cem anos (1835-1930), duas guerras antes da Revolução Federalista (Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos e Guerra do Paraguai) e duas depois (Guerra do Contestado e Revolução de 1930).

A intenção foi contextualizar a temática da exposição e tornar a visita o mais atraente possível para aquele grupo - afinal eles prestarão vestibular no fim do ano e esses assuntos são cobrados no certame. Depois da exposição didática do chefe de Divisão, a condução da visita ficou por conta do estagiário João Felipe Alves de Morais, que apresentou ao grupo processos judiciais surgidos no período, como o caso das reclamações de capitães de navios que não puderam entregar suas mercadorias por conta de saques promovidos pelos federalistas.

João Felipe também falou sobre as reclamações que "não" surgiram, em função do medo que se manteve forte na Ilha muito tempo após o término da Revolução. "Escrivães perderam seus cargos, um desembargador foi exonerado e sobre tudo isso ninguém reclamou nada", comentou. O terceiro momento da visitação deu-se com a exibição do curta-metragem "Desterro", que narra os momentos finais da Revolução Federalista.

A coordenadora do Pré-Vestibular Comunitário (PVC), Janete Teixeira, agradeceu em nome do grupo. "Trata-se de oportunidade ímpar, porque nunca tivemos a chance de vir a um museu à noite, comentou. Talvez por essa razão, os estudantes de terça à noite mantiveram o interesse em alta durante toda a visita: eles ouviam tudo com muita atenção, faziam perguntas, observavam. Não houve conversas paralelas. "O interesse e respeito desses alunos é mesmo diferenciado", declarou a professora de redação Elisa Vigna, de 31 anos, graduada em Letras. "Por isso adoro lecionar no PVC".

Assim como Elisa, todos os professores do PVC trabalham de forma voluntária. O estudante de geografia da Udesc Ciro Borges, de 21 anos, trabalha no PVC como voluntário há dois anos."Considera esse trabalho uma retribuição por todo o investimento que a sociedade catarinense faz em mim", garantiu.

O trabalho de voluntários como Ciro e Elisa é fundamental para que pessoas como Kátia Vieira da Silva, de 56 anos, animem-se a voltar a estudar. Depois de 34 anos longe dos bancos escolares, Kátia frequenta agora o PVC e se prepara para prestar vestibular para Pedagogia na UFSC no fim do ano. "Minha grande inspiração é meu filho, que apesar de autista passou no vestibular e está terminando o curso de museologia, além de trabalhar", declarou.

O Pré-Vestibular do Sul da Ilha funciona há 15 anos na Escola Estadual Oscar Manoel da Conceição, localizada ao lado do Terminal de Integração do Rio Tavares (TIRio), no horário das 19 às 22 horas. Inscrições para o curso semi-extensivo estão abertas até 24 de julho.

Imagens: Divulgação/Museu do Judiciário
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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