Magistrada Ana Paula Amaro da Silveira deixará legado na área da infância em SC - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina

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Voltar Magistrada Ana Paula Amaro da Silveira deixará legado na área da infância em SC
06 Agosto 2021 | 16h59min
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O olhar de um bebê deixado pela mãe no hospital de São Miguel do Oeste para a adoção, em 1992, fez florescer o amor da juíza Ana Paula Amaro da Silveira pela área da infância e da juventude. Com a aposentadoria aprovada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) na última quarta-feira (4/8), o legado que a magistrada deixará em quase 30 anos de serviços prestados à Justiça transforma diariamente a vida de centenas de crianças e adolescentes em todo o Estado.

Mais do que ter avaliações criteriosas sobre cada caso, a juíza Ana Paula, na companhia da assistente social Ignês Buznello e do promotor Murilo Adaghinari, criou o projeto “Elo Social”, em Gaspar. Com o apoio da comunidade e do poder público, a iniciativa resultou na doação de três imóveis e na abertura de três casas de acolhimento durante os 12 anos que a magistrada permaneceu nessa comarca.

Ana Paula também cooperou com a criação dos grupos de apoio à adoção de Gaspar e de Ilhota, ambos no Vale do Itajaí. Com isso, ajudou a evitar dezenas de abandonos em condições precárias. Em 2006, a unidade da juíza participou da campanha promovida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) “Mude um Destino”, e a Casa-Lar de Gaspar foi premiada com uma das seis melhores instituições de acolhimento do país.

Primeiro contato

Tudo começou no ano de 1992, em São Miguel do Oeste, quando a magistrada teve o seu primeiro contato na área da infância. Na época, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ainda era muito recente, não havia cadastro nacional de adoção e a cidade não contava com entidades de acolhimento. Certa tarde, Beatriz, a escrivã, informou que uma mãe havia dado à luz e deixara o bebê para adoção. Após dois dias sem conseguir contatar os pretendentes habilitados, a juíza levou para casa o registro deles em busca de contato à noite.

“Na saída do fórum fui visitar a criança no hospital e, ao olhar aquele bebê em um berço sozinho, percebi a importância de encontrar um lar rapidamente. Na época, os interessados se inscreviam em localidades distintas para constarem nos cadastros que eram diferentes em cada comarca. Naquela noite liguei para vários pretendentes de diversas regiões do país. Os primeiros cadastrados já tinham adotado, até que contatei um casal do interior de São Paulo, que de imediato demonstrou sua intenção de adotar a criança”, revela a magistrada.

Ao deixar a comarca do Extremo Oeste, após seis adoções em um período de seis meses, a juíza foi lotada em Blumenau e passou a trabalhar na Vara da Família, Infância e Registros Públicos. Na época, a promotora Mônica Pabst apresentou as entidades de acolhimento do município. Foi quando a juíza passou a conhecer melhor as instituições e a vida das crianças acolhidas.

Lições de vida

Após um período no Juizado Especial Cível, em Blumenau e em Florianópolis, a magistrada Ana Paula foi promovida para a comarca de Gaspar, em 2002. Na oportunidade, a promotora e juíza que antecederam Ana Paula haviam instalado uma instituição de acolhimento para crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade. Procurada pela administração da instituição, que passava por dificuldades para estruturar o programa e obter recursos, a magistrada arregaçou as mangas e participou da criação do projeto “Elo Social”.

“Buscamos conscientizar a comunidade sobre a situação dessas crianças e jovens e obter o suporte local. O projeto engajou vários setores da sociedade e do poder público, que culminou na aquisição de três imóveis doados ao município para instalação de três instituições de acolhimento, cada qual com sua equipe técnica exclusiva formada por profissionais da assistência social, psicologia e pedagogia. Procuramos incutir nas equipes que as crianças e jovens acolhidos precisavam realmente sentir-se acolhidos, terem convivência comunitária, e a garantia de educação e lazer, além de informação sobre a sua situação de vida e processual”, recorda a juíza.

Por fim, a magistrada destaca a prestimosa ajuda de outros colegas com suas experiências na orientação das equipes. “Tive a honra e a alegria de conviver com muitas crianças e adolescentes que me deram grandes lições de vida. Alguns deles ainda mantêm contato comigo. A resiliência destes jovens e a superação de tantos obstáculos serviram de exemplo do enfrentamento de adversidades, muitas vezes, inimagináveis. Trabalhar com eles e por eles me deu um propósito, o de fazer o melhor para que eles tivessem o melhor. Ainda que nem sempre se conseguisse atingir este ideal, poder contribuir com o resgate da dignidade, da esperança e de uma vida mais plena foi e ainda é uma das minhas maiores alegrias”, disse Ana Paula, que estava lotada na 4ª Vara Cível da comarca da Capital  e agora pretende estudar outras áreas.

Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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