Em ação do CNJ e TJSC, adolescentes do Case de Lages conhecem bastidores do cinema - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina
Evento levou cultura, aprendizado e novas possibilidades profissionais por meio do audiovisual
Um grupo de 13 adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Lages participou de uma atividade especial que uniu cinema, aprendizado e troca de experiências. A ação fez parte da 4ª edição do projeto "Caminhos Literários no Socioeducativo: pelo direito à cultura", promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o apoio do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).
O evento teve dois momentos distintos. No primeiro, houve um encontro remoto entre os jovens de 84 unidades socioeducativas do país, artistas, profissionais da cultura, representantes do Judiciário e do Executivo. A conversa girou em torno do papel da cultura na vida dos jovens e da importância do acesso à arte como ferramenta de transformação.
Na segunda ação, realizada na sexta-feira, dia 4, os adolescentes mergulharam no universo do audiovisual. Participaram de uma atividade sobre cinema, descobriram os passos para a construção de um filme, conheceram técnicas de animação, manusearam câmeras e outros equipamentos de filmagem e fizeram perguntas.
Eles também assistiram a curtas-metragens produzidos em Lages, como "Incontáveis Sombras", primeiro curta de animação da Serra catarinense, premiado em 2022, e "Trevo", contemplado pela Lei Paulo Gustavo em 2024, além de "Almas", que deve ser finalizado em breve. A atividade foi conduzida, de forma voluntária, pelos profissionais da Grão Luz Produções.
Durante a sessão, teve pipoca e atenção às histórias contadas. A proposta foi mostrar aos adolescentes que o audiovisual pode ser mais do que entretenimento, se amplia para caminho profissional, expressão artística e construção de identidade. A diretora e roteirista Priscila Tonon Ramos reforçou que é possível viver do cinema. “Existem várias funções para atuar no audiovisual. Gostar e ter interesse é o primeiro passo. Ler, buscar referências e se qualificar é fundamental”, indica.
Um dos relatos mais curiosos foi o de um adolescente de 17 anos, que está na unidade há quatro meses. Sentado na primeira fila, ele ouviu atentamente cada fala da equipe. O que mais lhe chamou a atenção foi a cenografia. “Não sabia nada sobre isso e achei muito interessante, especialmente o cenário feito com materiais reutilizados”, disse o jovem, que gosta de desenhar.
A oficiala da infância Ana Emília Melchiors, que representou a Vara da Infância e Juventude da comarca de Lages, ressaltou o valor da iniciativa. “A arte tem o poder de abrir horizontes. Ver esses jovens atentos, curiosos e participativos mostra que investir em cultura dentro do socioeducativo pode fazer a diferença.”
O diretor pedagógico da unidade, Ezequias Ramos Ribeiro, avaliou a ação: “A oficina de cinema foi extremamente válida e bem recebida, proporcionando um dia atípico e enriquecedor para todos os envolvidos. A iniciativa contribuiu para o processo socioeducativo dos adolescentes, ampliando horizontes, fortalecendo vínculos e oferecendo ferramentas simbólicas para novas formas de expressão”, destaca, ao dizer que se recomenda a continuidade e ampliação desse tipo de atividade na unidade.
Mais atividades em SC
A atividade integra a programação nacional do CNJ, que neste ano celebra os 35 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O tema da edição, “Adolescências em cena”, reforça que o direito à cultura é parte essencial da socioeducação.
Nesta semana, quem recebe as atividades são os adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Criciúma, no sul do Estado. A programação no dia 11 de julho começa às 13h30min e inclui um bate-papo com um artista local sobre música e poema. A unidade foi uma das cinco do país selecionadas, com adolescentes capacitados para realizar a cobertura do evento. Eles tiveram apoio técnico do Fazendo Justiça, do CNJ. Os encontros abordaram noções básicas de jornalismo, produção de texto e edição de imagens.
O Centro de Internação Feminina (CIF) e o Case de Chapecó também participam do evento. Eles se reuniram na semana passada para conhecer sobre produção audiovisual e voltam a se encontrar, desta vez com os adolescentes de todo o país, para uma troca de experiências.