R3 Animal


Entrevista com a Associação R3 Animal.

Para mais informações acesse o site da R3 Animal.

A R3 Animal surgiu em 2000, em Florianópolis, SC, no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-SC), um espaço destinado ao recebimento de animais selvagens vítimas de maus-tratos e do comércio ilegal de todo o estado. O objetivo era auxiliar a Polícia Militar Ambiental de SC e o Ibama nos cuidados diários dos animais recebidos.

O número 3 do nosso nome significa resgatar, reabilitar e reintroduzir animais, e é o que fazemos há 21 anos. Temos experiência com as mais diversas espécies de animais selvagens.

Atualmente executamos dois principais projetos. Um deles é o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que é uma condicionante ambiental do Ibama para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. Nesse projeto trabalhamos no atendimento de aves, mamíferos e tartarugas marinhas resgatados durante o monitoramento das praias.

Outra frente de trabalho vem do Núcleo de Educação Ambiental (NEA R3 Animal), em que trabalhamos a cultura oceânica em escolas e os objetivos do desenvolvimento sustentável junto à nossa equipe, além de realizarmos outras ações pontuais.

Bom, a vida surgiu no oceano, de acordo com as principais teorias sobre a origem da vida na Terra. É o oceano também que possibilita que a vida continue existindo na Terra, já que ajuda a manter nosso planeta com uma temperatura amena, sem grandes variações. Basta pensarmos em como é a vida no deserto, com pouquíssimas espécies de plantas e animais, com temperaturas muito altas durante o dia e muito baixas durante a noite.

Pensando ainda na manutenção da vida, cerca de metade do oxigênio que respiramos vem do mar. É como se a cada duas respirações, uma viesse do mar.

O oceano também contribui para a formação das chuvas e para a retirada de gás carbônico da atmosfera, e abriga uma biodiversidade incrível, que ainda é muito pouco conhecida.

Além de tudo isso, é um espaço para atividades recreativas e de lazer e possui enorme importância para a economia mundial.

Já encontramos fragmentos de plástico, metal e até vidro, mas sem dúvida o mais abundante é o plástico. São fios de nylon provenientes de redes de pescas e pedaços de embalagens plásticas, além de outros pequenos fragmentos não identificados.

Os benefícios trazidos pelo plástico para o nosso cotidiano são de grande importância, mas o impacto negativo para o meio ambiente, do qual também somos parte, é enorme e exige mudanças drásticas.

Podemos destacar dois pontos principais. O primeiro deles está relacionado ao padrão de consumo da sociedade, ao nosso estilo de vida, em que cada vez mais tudo se torna descartável. Nesse ponto as palavras-chave são reduzir e recusar. Somente depois devem vir outras duas palavras: reutilizar e reciclar. Há todo um sistema que funciona em torno da produção e comercialização do plástico de forma linear, mas para que haja equilíbrio o processo deve ser cíclico, havendo retorno do material produzido para o início do processo. Dessa forma é possível reduzir de maneira geral o volume de resíduos que produzimos.

Pensando nessa questão do lixo, algumas situações curiosas estão relacionadas ao tipo de lixo encontrado nos animais. Já encontramos um cotonete em uma ave, um código de barras em uma tartaruga e, certa vez, um albatroz com o estômago cheio de isopor. Considerando que o albatroz é uma ave oceânica, que passa a vida em alto-mar e faz ninhos em ilhas oceânicas isoladas, conseguimos perceber o quanto esses resíduos estão espalhados por todo oceano.

Sim. O uso de descartáveis aumentou de maneira geral desde o início da pandemia, com destaque para o avanço do delivery de alimentos e o uso de máscaras e luvas descartáveis.

No Brasil há uma estimativa de que houve aumento de 25% a 30% no volume de materiais recicláveis coletados. Contudo, o percentual efetivamente reciclado é ainda muito baixo, e o restante desse material vai parar em aterros ou, pior ainda, nas ruas, rios, e acabam no oceano.

O efeito disso já pode ser observado tanto em áreas urbanas quanto em ambientes naturais. Existem registros de aves fazendo uso de máscaras para a construção de seus ninhos, além de situações mais graves, como casos de ingestão por diversas espécies e de animais presos a luvas ou máscaras.

O trabalho voltado especificamente aos animais marinhos vem sendo realizado desde 2015. É um período relativamente curto para dizer ser houve avanços ou retrocessos. Contudo, com o início da Década dos Oceanos, neste ano, muitas iniciativas ao redor do mundo vêm sendo realizadas com o objetivo de chamar a atenção das pessoas para o mar, sua importância e suas ameaças. Com isso, o tema Lixo nos mares tem sido recorrente em muitas iniciativas, estimulando a redução do consumo e a busca por alternativas menos impactantes.

Antes de pensarmos em reciclar, devemos pensar em reduzir o nosso consumo, já que muitos dos materiais que pensamos ser recicláveis, na prática, não podem ser reciclados. Para o dia a dia devemos evitar os descartáveis, tendo sempre uma sacola de pano por perto para as compras no mercado, levar na bolsa o seu próprio copo e, por que não, os seus talheres e canudo.

Indo para além disso, se pensarmos nos produtos que compramos, são muitas embalagens, não são? Devemos sempre que possível optar por produtos com menos embalagens e exigir dos fabricantes, seja através das redes sociais, e-mail ou telefone, a substituição por embalagens ambientalmente mais adequadas. Há uma marca famosa de achocolatado que já substituiu os canudos. Cada um de nós pode fazer a diferença.